Faltam 72 dias para 2010 acabar. Na Viti-Vinícola Cereser, fabricante da famosa sidra Cereser a contagem regressiva começou há quase um mês. Isso porque 80% das vendas da mais famosa marca brasileira da bebida se concentram nos últimos quatro meses do ano. E, desta vez, a produção deverá bater todos os recordes: a empresa espera vender 36 milhões de garrafas de sidra a mais que as 300 milhões comercializadas em 2009 - 10% além do volume alcançado no último fim de ano.
"Para nós, 2009 já foi um ano bom porque conseguirmos crescer 8%, na comparação com 2008", diz José Fontelles, diretor comercial da Cereser. O mercado no mesmo período cresceu 7%, segundo ele. A empresa é dona de 75% das vendas em volume do mercado de sidras, segundo a Nielsen. Mas, segundo Fontelles, essa fatia deve ser maior, uma vez que o número auditado pela Nielsen não inclui as versões sem álcool, sem açúcar e as com sabores. "De cada espumante que estouram no Brasil na noite de Ano Novo, pelo menos sete são fabricados pela Cereser", diz o executivo.
A empresa lançou no ano passado a versão "zero açúcar" de sidra e um pouco antes havia colocado nas prateleiras a "zero álcool". "Nossas sidras sem álcool ganham mercado em um ritmo mais forte que a versão tradicional, impulsionadas principalmente pelo público evangélico", diz o diretor. Enquanto a sidra tradicional cresce 8%, a versão sem álcool sobe 20% em volume. A empresa familiar de 85 anos com sede em Jundiaí não revela faturamento.
As sidras são vendidas sob as marcas Cereser e Chuva de Prata. "Nossas vendas crescem em todas regiões do país, mas a Cereser é mais consumida pelas classes C e D e a Chuva de Prata fica mais com a C e a B", diz o executivo.
Nem mesmo a concorrência de outras vinícolas, que lançaram sidras com embalagens quase semelhantes ou mais baratas, afetaram a liderança da Cereser, cuja garrafa 660 ml custa em média R$ 5. "Nosso produto é barato e é tradicional", diz o diretor. Mesmo sendo de baixo valor, Cereser e Chuva de prata neste ano estarão entre 5% e 6% mais caras, por conta da alta do papelão, com impacto na embalagem, e do açúcar.
A bebida, feita a partir de um fermentado de maçã, é produzida na fábrica de Jundiaí, no interior de São Paulo. Em Suape (PE), a empresa tem outra fábrica, inaugurada em 2006, para produção de destilados e vinho.
"Há uns sete anos, a sidra respondia por até 60% de nossas vendas. Hoje nosso leque de produtos está mais diversificado e esse percentual diminuiu para 35%, embora as vendas venham crescendo", diz Fontelles. A Cereser produz hoje, além da sidra, uísques, vinhos, vodca, "vodca ice", aguardente e a linha de sucos prontos para beber Jussy. A empresa também direciona 15% de suas vendas para a exportação. "Exportamos para 40 países", diz Fontelles.
Veículo: Valor Econômico