Pelo 26º trimestre consecutivo a Coca-Cola Brasil teve crescimento em suas vendas. Enquanto o volume vendido cresceu 5% globalmente no terceiro trimestre deste ano, a filial brasileira alcançou alta de 13% contra o mesmo período do ano passado. Mesmo com performance quase três vezes superior ao crescimento mundial, o resultado do país poderia ter sido ainda melhor, segundo Marco Simões, vice-presidente de comunicação e sustentabilidade da Coca-Cola Brasil.
"Poderíamos ter crescido mais, não fossem as dificuldades oriundas do crescimento", diz ele se referindo a entraves como a falta de latas e a alta do preço do açúcar. No Brasil, maior produtor mundial de açúcar, quase um terço do insumo destinado ao consumo industrial é comprado pelos fabricantes de refrigerantes. Só no mês de setembro, a commodity teve alta de 21,53% no mercado internacional.
Já com as latas o problema é mais grave. Por conta da redução no ritmo de produção da indústria de latas de alumínio no ano passado acarretado pela crise mundial, 2010 começou com um déficit de 1,5 bilhão de unidades, conforme cálculos da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas). Para não haver falta de produtos, as indústrias estão importando as embalagens. Espera-se que a oferta se normalize só no ano que vem, quando os investimentos em capacidade produtiva feitos pelas indústrias de lata devem começar a surtir efeito prático.
"A questão é que outros gargalos virão. Estamos trabalhando para resolver esses gargalos mas, devido ao crescimento de toda economia do país, é certo que outros gargalos que não conhecemos ainda vão surgir. Resolveremos um e outro vai aparecer", diz Simões.
Mesmo limitada por essas dificuldades, a Coca-Cola conseguiu aumentar sua participação no mercado nacional no trimestre terminado em 1º de outubro. Segundo fontes ligadas à indústria de refrigerantes, o mercado também cresceu, mas não no mesmo ritmo da Coca-Cola. A empresa, que tinha 55% do mercado de refrigerantes em junho, segundo a Nielsen, chegou a 58,3% em setembro. Simões atribui o crescimento a novos consumidores que antes não podiam comprar as bebidas produzidas pela companhia.
A companhia também tem investido forte no aumento da capacidade. Dos R$ 11 bilhões em investimentos previstos até 2014 para o Brasil, R$ 2 bilhões já foram aplicados este ano para aumentar a produção e a sustentabilade dos processos (economia de água, por exemplo). Mundialmente, a Coca-Cola Company teve lucro de US$ 2,05 bilhões, superando em 8% os ganhos de um ano antes. Nos Estados Unidos, as ações da multinacional fecharam a US$ 60,34 por papel, com alta de 0,57%.
Veículo: Valor Econômico