A Wine Experience é a única empresa da América Latina que trabalha com os rótulos de Joseph Phelps
"Ser a principal referência em vinhos californianos no Brasil". Esta é a principal missão da importadora Wine Experience, nas palavras do sócio Vinicius Saad. O primeiro pedido de importação ocorreu no fim de 2008 e o contêiner de estreia chegou em fevereiro do ano seguinte, quando, de fato, as operações se iniciaram. O trabalho para estruturar o empreendimento, entretanto, começou em março de 2007.
Vinicius, hoje com 36 anos, recebeu a proposta para iniciar o negócio de um amigo americano que sempre que viajava ao Brasil sentia falta de opções de vinhos americanos nas cartas dos restaurantes, principalmente em hotéis.
Embora pareça uma decisão simples, quase indicando um estilo "bon vivant", a realidade não é nada glamourosa. Vinicius teve de abdicar de sua posição na Editora Abril, onde entrara pelo programa de trainees em 2001, para se dedicar exclusivamente à elaboração ao projeto de montar uma importadora.
Foram quatro meses de pesquisas e estudos solitários que apontaram a viabilidade do negócio. Pelas suas conclusões, o consumidor de vinhos está numa fase de amadurecimento e a procura por novidades é intensa. Ao mesmo tempo, considera que o mercado de vinhos como um todo está em expansão e a decisão por rótulos californianos tem a ver com a nacionalidade de seu sócio e os significativos valores gastos por viajantes americanos, em turismo ou à trabalho, nas grandes capitais brasileiras.
Apoiado nos dados e conclusões de seu plano, Vinicius partiu para a Califórnia para contatar e negociar com os produtores locais. Faltava ainda uma carta de apresentação para conquistar produtores com o perfil imaginado para compor o portfólio da empresa. Entra em cena, então, Daniel Halloran (o sócio). Aposentado como vice-presidente da Motorola, onde atuou por mais de 30 anos, Dan, como é informalmente chamado, trabalha hoje como consultor de negócios e é professor em algumas das mais importantes faculdades americanas, como Harvard e INSEAD.
Além do currículo respeitável, Dan é uma figura muito conhecida e respeitada na costa oeste americana. Essa era a carta de apresentação que faltava e foi assim que nenhuma das vinícolas procuradas negou interesse em participar da empreitada, nem mesmo o lendário Joseph Phelps Vineyards, o precursor dos vinhos ícones californianos elaborados com corte bordalês (o Insignia 1974 foi lançado cinco anos antes de outro rótulo que também alcançou posto estelar com corte de uvas típicas de Bordeaux, o Opus One de Robert Mondavi). Para se ter uma ideia da conquista e "peso" do produtor, a Wine Experience é a única empresa na América latina a possuir alocação para comprar os vinhos de Joseph Phelps.
Com o catálogo inicial composto por quase 50 rótulos, Vinicius retornou ao Brasil e ainda consultou alguns especialistas de mercado, o que resultou numa redução para 24 rótulos, mais adequados à realidade de mercado brasileira e à sua estrutura de vendas. Por contar com uma "equipe" bastante enxuta (basicamente o próprio Vinicius é o responsável pela importação, vendas e promoção), é mandatório fazer uso de lojas parceiras e representantes para conquistar maior visibilidade e, consequentemente, volume de vendas. Hoje seus vinhos conseguem ser encontrados nas principais capitais do Centro-Sul do país, além de distribuir para todas as localizadas através das vendas do site da importadora.
Vinicius é consciente da menor popularidade do vinho americano frente aos tradicionais europeus ou os competitivos sul-americanos. "É um trabalho de formiguinha", afirma. "Existe o preconceito que o vinho americano é caro, o que não é mais verdade. Tenho que trabalhar para reconquistar a confiança do consumidor. Para tanto, trago vinhos de boa relação qualidade/preço, na faixa dos R$ 40,00 a 60,00. Represento também alguns vinhos ícones e trabalho fortemente na educação dos consumidores, fazendo apresentações, promovendo degustações e wine dinners".
Com pouco mais de um ano de atuação no mercado, a Wine Experience vê um horizonte bastante promissor. "O fator câmbio parece se manter em condições favoráveis à importação, apesar da voracidade tributária do Estado. As ações de promoção têm surtido resultados e alguns produtores até se surpreenderam com os sucessivos pedidos de reposição. Com um ano e meio de atividade chegamos à marca de 20 mil garrafas vendidas".
O portfólio da importadora ainda deve passar por alguns ajustes finos. Alguns rótulos que não tiveram desempenho satisfatório devem sair e novos produtores devem ser integrados em 2011. Vinicius considera que "uma grande conquista foi a identificação de que, hoje, já existe uma espinha dorsal de produtores com Fox Brook, Forest Ville, De Loach, Avalon e Joseph Phelps".
Veículo: Valor Econômico