A concorrência entre as fabricantes de cerveja no Brasil, quarto maior produtor mundial, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, chegou ao franchising. Para investir em pontos-de-venda com marca própria, as empresas formataram modelos de quiosques e bares. A primeira a fazer um movimento nesse sentido foi a AmBev, que, em 2005, lançou o Quiosque Chopp Brahma. Após comprar a cervejaria Devassa, no ano passado, a Schincariol optou por expandir a rede de franquias existente. Para especialistas, trata-se de uma boa oportunidade para o pequeno e médio empresário, mas é necessário escolher bem o ponto e agregar pratos e petiscos para aumentar o faturamento. O investimento nos negócios fica em R$ 120 mil (Quiosque Chopp Brahma) e R$ 775 mil (Bar Devassa).
Com a aquisição da Devassa, a Schincariol constituiu uma nova empresa, chamada Sonar Serviços e Franquias, para administrar a rede e cuidar da expansão. O grupo aposta no perfil sofisticado dos bares Devassa, marca carioca criada em 2002. Segundo Francisco Duarte, diretor geral de franquias da Sonar, o capital inicial para novos bares está em R$ 700 mil, sem o ponto comercial. Hoje, há nove lojas da Devassa no Rio e São Paulo. "A maior parte de nossas lojas está instalada nas ruas. O espaço exigido é de aproximadamente 280 metros quadrados", afirma Duarte.
Mais dez lojas. O plano de expansão da Sonar prevê a inauguração de mais dez lojas. A marca Eisenbahn, de Blumenau, comprada este ano pela Schincariol, também está incluída no projeto. "Serão quatro unidades da Devassa no Rio, todas de rua, e outras quatro somente no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, que terá também duas microestações, de 60 a 70 metros quadrados, da marca catarinense", explica o executivo.
Segundo Duarte, além da ratificação da expansão, 2009 também será marcado pela mudança de posicionamento das franquias. A idéia é apostar mais em novos pratos e petiscos. "Atualmente, a venda de alimentos corresponde por 54% do faturamento das unidades da Devassa, o que explica esse investimento", afirma.
Para o empresário João Fedorowicz, que tem participação em duas unidades franqueadas da Devassa no Rio de Janeiro, a mudança de posicionamento tem contribuído para amenizar os efeitos da Lei Seca. "É importante oferecer opções para os clientes, harmonizando o cardápio com a bebida". Segundo Fedorowicz, seus principais custos estão na compra de bebidas e alimentos. "Tenho 35 colaboradores. Essa mão-de-obra e encargos representam cerca de 20% dos meus gastos", revela.
O consultor Paulo Ancona, da consultoria Vecchi & Ancona, crê que o modelo proposto pela Devassa deve ser tendência para as franquias de cervejarias, principalmente em tempos de Lei Seca. Para ele, o sucesso do negócio também está atrelado à escolha do ponto. "Para ter lucro, deve-se agregar várias opções de pratos e petiscos com a cervejaria. Caso contrário, o negócio não se diferirá em nada de um boteco qualquer. Quanto ao ponto, é interessante estar em locais da moda, normalmente freqüentados por muitos jovens", aconselha.
Já a AmBev, cujas marcas detêm cerca de 70% do mercado nacional, aposta nas lojas Chopp Brahma Express, além do Quiosque Chopp Brahma. O novo modelo de franquia é um showroom da marca, onde são vendidos chope e artigos complementares.
Atualmente, a empresa contabiliza aproximadamente 200 unidades, entre lojas, quiosques e carrinhos, em 19 estados. Desenvolvido para shoppings, aeroportos, rodoviárias e galerias, o quiosque exige um capital inicial entre R$ 30 mil e R$ 120 mil, já incluindo taxa de franquia, quiosque e equipamentos. Já na loja, que necessita área maior, o aporte inicial fica entre R$ 250 mil e R$ 300 mil. Para 2009, a AmBev prevê dobrar o número de pontos-de-venda.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ