Máquina de sonhos dos amigos de Baco

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"É o Hopi Hari do vinho", "Fazer minha própria harmonização sempre foi meu sonho", "O quê? 48 garrafas abertas para o bel-prazer do cliente?", "Que felicidade para os enófilos, desde os mais decanos até os neófitos". Frases exclamativas assim são proferidas diariamente no Empório Santa Maria, que instalou a Enomatic, espécie de máquina dos sonhos para os amantes de vinhos.

 

Com garrafas de vinhos organizadas e enfileiradas, sob um inovador sistema de preservação a nitrogênio, as 48 garrafas de Pera Manca, Don Melchior, Quinta do Crasto, Château Le Crock Cru Bourgeois, Massolino, entre outros, ficam numa espécie de vitrine com bicas que emitem doses de 30 ml, 60 ml e 120 ml.

 

A máquina é formada por seis módulos que acomodam oito garrafas cada um. Funciona com um cartão (formato de cartão de crédito), manejado pelo cliente - que ao chegar à Vinoteca, como foi batizado o lugar, coloca uma determinada quantidade de crédito em reais no seu cartão de chip, ganha uma taça Riedel, e tem total liberdade para escolher seu próprio vinho e a dose que quer tomar. O cliente aperta um botão e... como num toque de mágica espera que a bebida caia automaticamente.

 

A máquina é de origem italiana e a primeira do País. Traz regulagem de temperatura, além de garantir a conservação das garrafas por até 30 dias depois de abertas.
Muitos dos clientes costumam acionar inicialmente a tecla de 30 ml, para assim experimentar um determinado vinho que não conhecem, verificando como tal se comporta com determinado prato. Em seguida, pode criar sua própria harmonização com os criativos pratos que o chef Luciano Bonamico faz no lugar.

 

"Esta máquina vai mudar a forma de se tomar vinho no Brasil. Vai democratizá-lo", entende Victor Leal Jr., proprietário do Empório Santa Maria. "Quem nunca provou, por exemplo, um Barolo, que é um vinho mítico, vai poder se sentar nas mesas da Vinoteca e prová-lo por R$ 11 [30 ml]", explica. Ele prossegue: "Uma garrafa de Brunello custa R$ 400. Não é qualquer um que poderia comprá-lo. Mas qualquer um pode experimentar uma taça da bebida a R$ 16 [30 ml]", anota ele, que tem os direitos de venda da máquina no Brasil.

 

"Isso sem contar na possibilidade lúdica de o cliente entrar em contato com o sabor de diferentes marcas e produtos numa única visita ao lugar", completa Bernardo José de Ouro Preto Santos, sócio de Leal, que viu a máquina pela primeira vez num restaurante de beira de estrada na Itália. "Tive a presença de espírito de olhar atrás do objeto e anotar o telefone do fabricante... para, em seguida, trazê-la ao Brasil", conta.

 

Álvaro Cezar Galvão, editor do site Divino Vinho, diz que o interesse da máquina ainda pode ser maior. "Hoje, os restaurantes costumam vender vinhos em taça apenas de rótulos baratos e sem interesse. Com esta máquina, poderão abrir vinhos mais caros e melhores, sem o perigo destas bebidas estragarem. Isso não muda muita coisa na vida de pessoas que podem beber vinhos caros, mas muda muito para o bolso daqueles que só pedem vinho em taça. E é interessante que esta cultura do vinho seja democratizada no Brasil", explica Galvão.

 

Os vinhos presentes na Vinoteca são vendidos ao preço das importadoras, mais 10%. Na primeira seleção oferecida pela casa, os vinhos variam de R$ 2 (30 ml), o Zuccardi Serie A Bonarda; até R$ 53 (120 ml), um Brunello di Montalcino Casanova di Néri. Mas a Vinoteca renovará os rótulos da máquina mês a mês.

 

Caso os clientes queiram sugestões do melhor vinho a harmonizar com algumas das melhores criações do chef Luciano Bonamico - como o ravióli recheado de abóbora ao molho de manteiga e sálvia salpicado de pinhole e o filé mignon recheado de presunto cru guarnecido de polenta gratinada ao brie -, podem pedir uma ajuda ao sommelier Márcio de Paula.

 

A Vinoteca fica no segundo piso do Empório Santa Maria, que foi vendida pelo empresário Otávio Piva de Albuquerque, da importadora Expand, aos proprietários do grupo paulistano St Marche. A abertura do espaço veio com a reforma concluída em julho.

 

Os proprietários de restaurantes que gostarem da engenhoca vão ter de desembolsar no mínimo R$ 50 mil, valor de cada um dos módulos.

 


Veículo: Gazeta Mercantil 


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