Espumantes agora estão no foco dos catarinenses

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Vinhos de qualidade produzidos em condições de frio extremo e em uma altitude de mais de 900 metros tornaram-se a marca da serra catarinense. Agora, o polo regional que lançou a primeira safra há pouco mais de cinco anos dá os primeiros passos na fabricação de espumantes. A região reúne 28 empreendimentos e cerca de 160 produtores de São Joaquim, Caçador e Campos Novos, ligados à Associação Catarinense de Vinhos Finos de Altitude (Acavitis).

 

A Villa Francioni, pioneira na fabricação de vinhos finos na região, lançou no fim de 2010 um lote de 6 mil garrafas do espumante Joaquim Brut Rosé. A primeira leva foi toda comercializada. Segundo o enólogo da vinícola de São Joaquim, Orgalindo Bettú, a bebida é uma composição das uvas syrah, pinot noir, cabernet franc, sangiovese e merlot, com pequenos percentuais de cabernet sauvignon, malbec e petit verdot, e segue características mais suaves, aproximadas do paladar brasileiro. O próximo passo, segundo Bettú, é o lançamento de um espumante que siga o método "champenoise", em que a última etapa de fermentação é feita na própria garrafa.

 

A Villaggio Grando, de Água Doce, lançou em 2010 o Espumante Brut feito com cortes de pinot noir, pinot meunier e chardonnay. Como o produto da Villa Francioni, também segue método "charmat" - quando a segunda fermentação ocorre em tanques e não na garrafa. Segundo seu proprietário, Guilherme Grando, o lote de 37 mil garrafas foi praticamente todo comercializado. Desde 2008, a vinícola também produz o demi-sec com a marca Le Chasseur, feito com uvas chardonnay e villenave.

 

A Pericó, em São Joaquim, foi a pioneira na fabricação de espumantes. Em 2008, lançou o Cave Pericó branco e rosé, ambos brut, também elaborados pelo método "charmat".

 

O polo que começa a ganhar reconhecimento nacional é o resultado do investimento do empresário Dilor de Freitas, fundador da Villa Francioni, e pioneiro na região. Antes de definir o investimento em vinhos, chegou a estudar o cultivo de flores na região que já era famosa pela produção de maçãs. A importação das primeiras mudas foi feita em parceria com a família Grando em 2000 e os primeiros vinhos foram lançados em 2005.

 

Ao contrário de projetos tradicionais que nascem pequenos e depois vão se expandindo, a Villa Francioni já nasceu grande, com estrutura para preparação de 300 mil garrafas e pronta para receber turistas. O negócio hoje é gerido por Daniela de Freitas, filha de Dilor, que faleceu em 2004.

 

Em 2010 a Villa Francioni faturou R$ 3 milhões e espera chegar a R$ 5 milhões este ano. Além do lançamento dos espumantes, Daniela diz que a estratégia para o crescimento da vinícola foi o lançamento de uma linha de produtos mais acessíveis, batizada de Aparados em homenagem à região. Os preços dos vinhos da empresa oscilam de R$ 25 (a linha mais em conta) a R$ 250, um vinho de sobremesa vendido em garrafas de 400 ml.

 

Segundo o enólogo Marcos Vian, da Associação Brasileira de Enologia, a região de São Joaquim oferece condições extremas para o desenvolvimento dos vinhedos. O frio intenso ocasiona uma retração no desenvolvimento dos frutos - que são colhidos cerca de 45 dias mais tarde em relação a outras regiões do país. As condições climáticas acabam favorecendo a fabricação de vinhos mais alcoólicos e mais estruturados. Antes da região começar a produzir, o teor alcoólico dos vinhos brasileiros era de 12,5%. Na serra catarinense, as bebidas atingem entre 13% e 14%.

 

Entre as empresas que estão investindo e crescendo em 2011 está a Sanjo, cooperativa que também produz maçãs em São Joaquim. Ela investiu R$ 4,5 milhões na construção de um novo pavilhão para abrigar a vinícola e R$ 1,2 milhão em equipamentos

 

Hoje, a Sanjo tem capacidade para 150 mil garrafas. Com a inauguração da nova vinícola, a capacidade vai passar para 1 milhão de litros. Segundo a empresa, três rótulos são produzidos na região, entre variedades de cabernet sauvignon e chardonnay. A expectativa é ingressar no mercado de espumantes com um lançamento previsto para 2011, fabricado em método "champenoise". Em 2010, a Sanjo faturou cerca de R$ 70 milhões e os vinhos responderam por 5% do valor. A expectativa é dobrar essa participação a partir dos investimentos.

 

Veículo: Valor Econômico


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