Xandô amplia investimento em leite e suco

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Grupo que controla a marca faz aportes para expandir o rebanho e incrementar plantio de laranja

 

Conhecido no setor de agronegócios por ter fundado a Solorrico, nos anos 50, e a Sucorrico, na década seguinte, Lair Antonio de Souza é um homem de palavra. Em entrevista ao Valor em março de 2006, então com 77 anos, garantiu que não pensava em se aposentar - "paro no dia em que morrer", disse na ocasião - e que investiria na expansão dos negócios que desenvolvia nas cadeias produtivas de leite e laranja, a partir de suas fazendas no interior de São Paulo e da marca Xandô, disseminada sobretudo no mercado paulista.

 

Aos 81 anos, Souza não só continua na ativa como está elétrico como sempre. E os negócios agropecuários da holding Grupasso, controlada pela família, continuam a avançar. Em 2010, proporcionaram um faturamento total de R$ 84 milhões, mais que o dobro do valor de 2006. É verdade que a intenção de voltar ao ramo de fertilizantes - a Sucorrico foi vendida em 1999 - não parece estar mais no radar, como ainda estava há cinco anos, mas outros investimentos já estão em curso.

 

Esses negócios estão divididos entre as oito fazendas da família no interior paulista e as vendas dos produtos Xandô. Nas propriedades, a maior parte do faturamento vem da laranja, enquanto o leite representa a maior parte das vendas da marca. Nos dois casos, o foco está no valor agregado. O leite vendido é do tipo A e o suco de laranja é integral, sem adição de água ou açúcar. Dois tipos de produtos mais caros que concorrentes como o leite longa vida e os néctares à base de frutas, e que são consumidos por um público de maior poder aquisitivo.

 

Ainda que invista em distribuição e marketing, o motor do crescimento do grupo está no campo, e é nas fazendas que Souza concentra seus investimentos. Em Araras, onde está a primeira unidade adquirida pelo empresário, a Fazenda Colorado, já foi construída uma maternidade para 200 animais e está sendo erguido um prédio capaz de abrigar 1.580 vacas em lactação, que deverá ser inaugurado em junho. O investimento conjunto chega a R$ 34 milhões, e completa a implantação de um novo sistema que visa elevar o rendimento na produção de leite.

 

"Estamos simulando o habitat da vaca holandesa, onde as temperaturas variam de 19º a 25º. Em Araras, a temperatura média anual é de 26,5º, o que significa que temos condições naturais ideais apenas no inverno. A partir desses investimentos, os animais terão condições de produzir o ano todo como no melhor período. Isso melhora a reprodução, e a vaca pode ter uma cria a mais", explica. Hoje são 1,2 mil vacas em lactação, e o objetivo é chegar a 2 mil em 2014.

 

Souza conta que, além da criação própria, adquiriu 400 animais entre 2009 e 2010 e pretende comprar mais 150 neste ano. "São animais selecionados, adquiridos em Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Mas iniciamos a embrionagem com sêmen sexado há um ano e meio e em 2012 deixaremos de comprar e passaremos a vender". A curva de expansão não é maior por conta dos descartes, obrigatórios para a manutenção da produtividade. Cerca de 30% do rebanho é descartado regularmente, e a criação própria do empresário atualmente é suficiente apenas para as reposições.

 

Com qualidade superior, por isso cerca de 30% mais caro que o longa vida na média anual, o leite A é ordenhado, pasteurizado, homogeneizado e envasado automaticamente - no caso da Xandô, cuja linha inclui o leite A "Integral", "Magro" e "Desnatado", na própria Colorado I, em embalagens plásticas da Plastirrico, também pertencente à família. "Temos que ter grande agilidade logística para cumprir os prazos legais de validade previstos. Da vaca ao varejo, temos, no máximo, nove horas, e o produto chega às gôndolas com prazo de validade de seis dias". Daí a concentração em São Paulo. No Estado, há só quatro "grandes" fabricantes de leite A, que representa apenas 0,2% das vendas totais de leite no país.

 

Mas se atualmente a produção total nacional de leite A é de cerca de 4 milhões de litros mensais, Souza estima que o volume chegará a 6 milhões em 2015, embalado pelo aumento do poder aquisitivo médio dos brasileiros. "Após os casos de contaminação no longa vida em 2007 [envolvendo laticínios de Minas Gerais], o crescimento do consumo de leite A foi retomado".

 

Se a frente leiteira dos negócios agropecuários da Grupasso está na Fazenda Colorado I, a citrícola está espalhada pelas oito propriedades da família de Lair Antonio de Souza. Com os pomares que possui, a produção total de laranja do grupo alcança 3,110 milhões de caixas de 40,8 quilos. Com o plantio de novas árvores, em curso, o volume deverá chegar a 5 milhões de caixas em cinco anos. O suco vendido no varejo também é envasado em embalagens produzidas pela Plastirrico, é pasteurizado e não tem adição de conservantes. Tem prazo de validade de 15 dias, sob refrigeração. No varejo, pode custar o dobro do que concorrentes como néctares e refrescos prontos para beber.

 

Se todo o leite produzido na Fazenda Colorado I abastece a marca Xandô, nem toda a laranja colhida nas oito propriedades da família é destinada ao suco da marca. Parte é vendida a indústrias exportadoras. A Sucorrico, que também exportava, foi vendida em 2002. Em volume, as vendas de leite Xandô atingiram 11,9 milhões de litros em 2010, 4,9% mais que em 2009 e 71,2% acima de 2006. No caso do suco de laranja, foram 2,9 milhões de litros no ano passado, com aumentos de 20,6% sobre o ano anterior e de 125,9% em relação a 2006, de acordo com os dados fornecidos pelo empresário.

 

Veículo: Valor Econômico


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