Redução em estoques e queda na estimativa da safra nos EUA explicam aumento da cotação
Os citricultores brasileiros começaram o ano com expectativas de maior faturamento para a próxima safra, que começa em junho.
A cotação do suco de laranja na Bolsa de Nova York, que define os preços da commodity no mercado futuro, chegou a US$ 2.700 a tonelada no início desta semana. Os preços são os maiores já registrados desde 2007.
Fatores como a redução dos estoques de suco e a queda constante no volume estimado para a safra norte-americana explicam a cotação recorde.
Embora ainda dependente de negociações internas, a possibilidade de aumento no faturamento já anima os produtores e a indústria de suco nacionais.
"O preço em Nova York sinaliza uma tendência. É um indicativo de que a indústria tende a ganhar dinheiro e a pagar melhor", diz o consultor de agronegócio Maurício Mendes.
Para Flávio Viegas, presidente da Associtrus -associação que representa os citricultores-, a situação já é melhor do que nos últimos anos, apesar das previsões de que a safra brasileira fique abaixo da média.
"No ano passado tivemos uma faixa de preço em R$ 16 a caixa de laranja. Agora, pode ir de R$ 18 a R$ 20. As negociações estão sendo feitas, mas ainda dependem das estimativas da safra e de como estiver o clima", diz.
Os novos valores também se refletem nas exportações. O Brasil é líder na produção de suco de laranja do mundo, com cerca de 90% da produção destinada ao mercado externo, como a Europa.
Projeção da CitrusBR (Associação Brasileira de Exportadores de Sucos Cítricos) indica que as exportações devem passar de US$ 2 bilhões neste ano. Em 2010, o valor ficou em US$ 1,7 bilhão.
O volume exportado em toneladas, porém, não deve sofrer alterações.
"O suco de laranja está perdendo espaço em relação a outras bebidas", afirma Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR.
FLÓRIDA E FRIO
Se depender do volume produzido na Flórida, o segundo maior produtor mundial, a cotação pode continuar em alta.
Relatório divulgado nesta semana pelo Departamento de Agricultura norte-americano mostra redução de 4% na estimativa inicial de produção de laranja.
O frio intenso na região prejudicou os pomares.
Pesquisadora do Centro de Estudos em Economia Aplicada, da USP (Universidade de São Paulo), Margarete Boteon diz que o cenário favorável para o Brasil ainda está sujeito a alguns fatores.
"É muito difícil afirmar para qual direção o preço irá agora. Vai depender dos próximos relatórios, das estimativas de frio durante janeiro e meados de fevereiro na Flórida e do próprio desenvolvimento do fruto da safra paulista", afirma.
Veículo: Folha de S.Paulo