A concorrência no mercado de bebidas quentes premium atingiu ponto de ebulição ontem, após um ex-executivo da Nestlé lançar uma nova máquina para fazer chá, em confronto com o produto recém-lançado pelo grupo suíço.
O lançamento chega depois de a Nestlé ter vencido, nesta semana, uma batalha jurídica para proibir a venda de uma máquina de café parecida com a Nespresso, que permite fazer xícaras de expresso facilmente em casa e traz altas margens de lucro para a multinacional.
Eric Favre, que criou o Nespresso, mas depois ficou independente, lançou a Tpresso, um aparelho para fazer chá premium, que ele diz ter desenvolvido com a ideia de ser "o Nespresso do chá".
As primeiras máquinas, a serem montadas na China com componentes europeus, estarão à venda no mercado chinês em abril, por 5 mil yuans (US$ 756), e depois chegarão a outros países. O aparelho será colocado nas prateleiras do varejo depois do lançamento em 2010 do Special T, da Nestlé. O preço inicial do aparelho da multinacional suíça na França foi de €129, com a embalagem de dez cápsulas de chá saindo por €3,50.
Na segunda-feira, um tribunal comercial na cidade suíça de St. Gallen deu a vitória à Nestlé contra a rede varejista de descontos Denner.
A empresa estava vendendo cápsulas de café compatíveis com a máquina Nespresso por cerca da metade do preço do produto da Nestlé. A Denner informou que vai recorrer da decisão. A determinação da Nestlé em defender o Nespresso, que o grupo suíço diz ser protegido por 1,7 mil patentes, ficou em evidência em junho do ano passado, quando o grupo suíço entrou na Justiça contra a Sara Lee, a companhia alimentícia dos Estados Unidos, por suposta violação de patente com o aparelho L'Or Espresso. A Sara Lee nega qualquer infração de patentes.
Em 2010, Jean-Paul Gaillard, outro ex-executivo do Nespresso, lançou a Ethical Coffee para produzir cápsulas compatíveis com o Nespresso.
Paralelamente, outros grupos entraram no mercado com suas próprias máquinas. Na terça-feira, a United Coffee, um das maiores empresas independentes de café da Europa, lançou seu próprio aparelho de cápsulas de café premium.
"O mercado para sistemas de cápsulas de expresso está sendo alimentado pela demanda por cafés de qualidade superior e pela tendência geral em direção à conveniência", afirmou Per Harkjaer, executivo-chefe da United Coffee.
Além do aumento na demanda de consumidores com mais renda e interesse por qualidade, as empresas também se sentem atraídas pelas grandes margens proporcionadas pelas bebidas de alto padrão.
A Nestlé não revela os números do Nespresso, mas dá sinais de seu crescimento. As vendas devem ter superado os 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,08 bilhões) no ano passado, com os analistas estimando margens de lucro extremamente grandes. O grupo pretende expandir o Nespresso além de sua base na Europa, almejando Estados Unidos e Ásia.
Veículo: Valor Econômico