Bebidas: Abralatas pede hoje à Camex a volta da alíquota de 2% até março para suprir déficit de 800 milhões
Terminou em 31 de dezembro o prazo para importar latas para embalar bebidas, pagando-se alíquota de 2%. Desde então, o imposto de importação voltou a 16%, patamar cobrado até maio de 2010, quando a Câmara de Comércio Exterior (Camex) determinou a redução. Mas a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) vai pedir hoje à Camex, em uma reunião em Brasília, que estenda o benefício por mais três meses.
Os fabricantes de bebidas, principalmente a de cerveja, ainda sente um déficit no fornecimento de latinhas - estimado pela Abralatas em 800 milhões de unidades de janeiro a março. "Depois desses três meses, a indústria de latas nacional já deverá estar produzindo com a capacidade aumentada", afirma o diretor executivo da Abralatas, Renault de Freitas Castro. "Mas por enquanto, ainda não há latas suficientes para suprir a demanda, principalmente da indústria de cerveja", acrescenta ele.
A falta de latas é concentrada em cervejas por dois motivos: as cervejarias usam proporcionalmente mais latas que a indústria de refrigerantes e o crescimento de vendas da bebida vem sendo superior ao de outras, como sucos e bebidas carbonatadas (refrigerantes). No Brasil, as latas representam 30% das vendas de cerveja em volume. Essa fatia é de 10% para os refrigerantes. Em sucos, é ainda menor: mais de 95% do volume é vendido em embalagens acartonadas.
Conforme fontes do setor, as vendas de cerveja em 2010 tiveram um crescimento de 12% em volume em relação a 2009. Sucos e refrigerantes também venderam mais que em 2009, mas a alta não chega a 10%, conforme fontes ligadas aos fabricantes.
De maio a dezembro de 2010, segundo a Abralatas, foram importadas 1,1 bilhão de unidades. Pelo acordado com a Camex, a importação com imposto de 2% poderia ter chegado a 1,9 bilhão até dezembro. Essa diferença, de 800 milhões de latas, é que a Abralatas está pleiteando para ser feita até março. "Estamos otimistas em relação à prorrogação", diz Castro.
Mas nem todos concordam. "Tudo isso é um 'lobby' para beneficiar grandes empresas", diz Fernando Bairros, presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), que representa produtores regionais. "Com o dólar em baixa, as empresas preferem trazer latas importadas, sai mais barato. E se for pagando menos impostos, melhor ainda para elas", diz ele. As cervejarias não comentaram o assunto.
Veículo: Valor Econômico