Fábrica de R$ 15 milhões deve começar a produzir em setembro
Após 135 anos fazendo vinhos, a tradicional vinícola Casa Valduga está agora apostando para valer nos sucos. A empresa gaúcha está investindo R$ 15 milhões em uma fábrica, que será construída em Juazeiro, na Bahia, para produção de sucos de frutas brasileiras.
"O Brasil tem frutas excelentes que resultam em sucos de qualidade melhor do que o vinho produzido a partir das uvas nacionais", diz Juarez Valduga, diretor-presidente da empresa com sede em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
"Claro que há variedade que resultam em ótimos espumantes, por isso, na segunda fase do projeto, vamos erguer uma champanheria em Juazeiro também. Mas o negócio de suco cresce muito mais rápido", afirmou ele.
Conforme estatísticas do setor viticultor gaúcho, o mercado de suco de uva integral cresce de 14% a 15% ao ano, enquanto as vendas de vinhos mostram estabilidade. Com o dólar baixo, o consumidor tem preferido comprar vinhos importados, que têm agora preços mais acessíveis.
A própria Casa Valduga tem se beneficiado do crescimento do setor de sucos. A empresa começou a produzir suco de uva, quase que experimentalmente, em 1995. O primeiro ano de produção não chegou a render 20 mil litros. No ano passado, a Casa de Madeira, como é chamada a divisão, chegou a 2 milhões de litros de suco de uva integral produzidos e vendidos. "Nos últimos anos, temos crescido mais de 100% em volume", diz o diretor.
Ele explica que a nova fábrica irá produzir sucos prontos integrais (sem adição de água ou açúcar), de sabores diversos, com posicionamento "premium", embalados em garrafas de vidro. "Não temos como competir nesse mercado em volume. Por isso vamos fazer algo diferenciado, para ganhar na qualidade", afirma Valduga. No Brasil, os néctares são mais de 70% do mercado de bebidas prontas de fruta. Os néctares levam apenas um percentual de fruta, que varia até no máximo 30%, são adoçados com açúcar ou edulcorantes e a maior parte de sua composição é de água.
A fábrica terá de 7 mil a 9 mil metros quadrados de área construída e a previsão é de inauguração em outubro deste ano, com capacidade diária de processamento de 30 mil a 40 mil toneladas de frutas por dia ou de 15 mil a 20 mil litros de suco pronto.
O destino dessa produção será o mercado nacional, ma há planos de exportação de parte da produção para países europeus.
A cidade baiana, segundo Valduga, foi escolhida pela proximidade com cidades da região onde predominam fazendas de cultivo orgânico de frutas como manga, umbu, caju e melancia.
A Casa Valduga é uma das mais antigas vinícolas do Brasil. Fundada em 1875 por uma família de imigrantes italianos, a companhia vem sendo dirigida pela terceira geração Valduga. "Ultimamente temos sofrido muito assédio de empresas querendo comprar a Valduga. Mas somos uma empresa familiar e vamos permanecer assim", diz o diretor. A companhia, que não divulga faturamento, ainda está em negociação com o governo da Bahia e com a prefeitura de Juazeiro a respeito de incentivos fiscais. A maior parte do investimento na nova fábrica é formada por capital próprio. O restante vem de financiamento com bancos.
Veículo: Valor Econômico