Na disputa do mercado de embalagens de bebidas, as garrafas PET continuam vitoriosas. Essa vantagem que separa as garrafas plásticas das latas concentra-se, basicamente, em dois pontos: preço e tamanho. "No setor de bebidas, a embalagem de PET domina em 80% na área de refrigerantes contra 7% de latas. É um mercado de grandes volumes, onde o tamanho da embalagem é o mais importante para o fabricante de bebidas. Nossa estratégia é reduzir custos a cada dia, tornando a nossa embalagem mais competitiva para tentar ganhar mercado nesse segmento", diz Renault Castro, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas).
Outra frente de batalha que as latas enfrentam são as garrafas de vidro, as preferidas do consumidor brasileiro. "No mercado de cerveja, o nosso principal concorrente é a garrafa retornável de vidro que tem uma participação consolidada ao redor de 70%. Temos 33% nesse segmento e essa taxa cresce ano a ano. A conquista nesse mercado tem sido de forma lenta", afirma.
Apesar de uma participação menor, os fabricantes de latas não conseguiram atender a demanda de consumo em 2010 e na última hora foram obrigados a importar as embalagens prontas. Pelas contas de Castro, o déficit de 1,5 bilhão de latinhas acabou sendo sanado com a decisão do governo de permitir a importação de 1,9 bilhão de unidades com impostos reduzidos. "Esse volume de compras no mercado exterior foi inédito no setor", conta. Dados da Abralatas indicam que a importação onera os custos em mais de 50%.
A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) logo no começo de 2010 anunciou investimentos de R$ 2 bilhões para ampliar sua capacidade produtiva em 13 estados - o maior investimento da história da companhia em um único ano desde sua criação, em 2000. Diante do aquecimento no consumo de bebidas, principalmente na região Nordeste do Brasil, a Abralatas estima um crescimento entre 12% e 15% neste ano.
Os investimentos serão os maiores já realizados do setor, totalizando R$ 1,1 bilhão de janeiro de 2010 a março de 2012, destinados às ampliações e novas fábricas de tampas e de latas. Com esses recursos, a capacidade de produção em abril de 2012 será de 27,5 bilhões de unidades por ano, um aumento de 64% em relação a dezembro de 2009, quando foram colocadas no mercado 16,9 bilhões de latas, segundo dados da Abralatas.
A Rexam, líder no Brasil na fabricação de latas e tampas de alumínio, está entre as empresas que decidiram expandir a produção. A inglesa está reativando sua unidade instalada em Pouso Alegre, no sul de Minas, paralisada desde 2002. Ao anunciar a reinauguração, a multinacional informou que irá elevar a capacidade instalada da planta. O investimento previsto é de R$ 64 milhões, conforme protocolo de intenção assinado com o governo de Minas e divulgado no site do Instituto de Desenvolvimento Integrado (Indi). Renato Estevão, diretor comercial da Rexam para a América do Sul, diz que "o aumento da renda e a migração as classes D e E para a C são fatores que impulsionam o negócio".
A Crown escolheu Ponta Grossa, no Paraná, para abrir mais uma fábrica no Brasil e deverá entrar em operação no primeiro trimestre deste ano. Em resposta a demanda, expandirá a produção de 2,8 bilhões para 3,5 bilhões de latas. A Latapack Ball, está sendo erguida no estado da Bahia, na cidade de Alagoinhas e ficará pronta no princípio de 2012. "Serão três novas fábricas até final de 2012", diz Castro. (R.C.)
Veículo: Valor Econômico