Vinho argentino investe na ascensão de classes do Brasil

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Vizinho quer elevar exportação da bebida ao país, cuja demanda cresce 5% ao ano na esteira da expansão da renda e da economia


De olho no movimento brasileiro de ascensão de classes, que inseriu mais de 40 milhões de pessoas no consumo nos últimos dez anos, a indústria argentina de vinhos está investindo na modernização de suas bodegas para garantir uma fatia de mercado que hoje pertence ao Chile, o maior exportador de vinhos ao Brasil. A Argentina ocupa a segunda posição nesse ranking.

Levando-se em consideração que o consumo argentino passou de 90 litros per capta para 28 litros em 20 anos, apostar na demanda potencial de 190 milhões de brasileiros — que cresce 5% ao ano na esteira do Produto Interno Bruto (PIB) — parece óbvio. Uma barreira a ser quebrada, entretanto, é a cultura de compras da classe C brasileira, que, aos poucos, deixa de focar apenas produtos de primeira necessidade. Embora em ascensão, a demanda por vinho no país não passa de 2 litros per capta por ano.

 “O mercado brasileiro ainda é pequeno, mas representa uma grande oportunidade para investimentos. O aumento da renda tem elevado o interesse do consumidor por produtos de mais qualidade. Oganho de competitividade dos vinhos que chegam ao Brasil não prejudicam as vendas dos nossos próprios produtos, pois nos ajudam a desenvolver a demanda doméstica muito incipiente, ainda”, afirma Julio Fante, presidente do conselho consultivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).

Segundo dados do Euromonitor, o consumo interno do produto cresceu 18,7% este ano, atingindo 397,8 milhões de litros. A surpresa maior está no tipo de vinho que as famílias estão levando às mesas. Omercado que mais se expandiu no período foi o de vinhos tintos de média e alta gama (15,7%), de acordo com levantamento do Ibravin.

“O Brasil está se consolidando como um das maiores economias do mundo, o que torna esse mercado fundamental para um país como a Argentina, que busca expansão nas vendas de vinhos de mais alta gama”, afirma Ricardo Puebla, gerente da bodega Felix Lavaque.

Potencial

Mesmo com um consumo ainda baixo, o país deixou de ser o quinto maior mercado comprador da Argentina em 2010, subindo duas posições no ranking, que pertenciam ao Reino Unido e aos Países Baixos. “O Brasil é fundamental para nós. Contratamos recentemente uma pesquisa da Euromonitor para compreender melhor as características do consumo local, com o objetivo de elevar nossas exportações para o país”, afirma Ramiro Barrios, gerente da bodega Trapiche, fundada em1883. Hoje, o mercado brasileiro é o quarto da lista de importadores da marca. “Em breve será o nosso terceiro”, completa.

Parte do ganho de competitividade do produto argentino vem do câmbio desvalorizado. O peso argentino é equivalente a R$ 0,4. Entretanto, Diego Pulenta, da terceira geração da família dona da bodega Pulenta, conta que a inflação, que beira os 25% ao ano na Argentina, eleva os custos de produção. “O câmbio dá mais competitividade, mas a inflação e os impostos pagos para exportar os vinhos ao Brasil, na faixa de 37%, neutralizam nossas vantagens”, diz. Por esse motivo, um vinho que custa 50 pesos argentinos chega ao Brasil por R$ 50, exemplifica. “Os custos de exportação e as taxas não permitem preços menores”, pondera.


Veículo: Brasil Econômico


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