DINHEIRO conversou, com exclusividade, com o presidente da Pernod Ricard no Brasil sobre o novo destilado de trigo, que será o produto Absolut mais caro no mercado
Frutas vermelhas, limão, pêssego, tangerina. A Absolut, marca sueca de vodcas premium, já misturou quase todo um pomar de sabores (e algumas especiarias) no seu famoso destilado de trigo, produzido desde 1879 em Ahus, no sul da Suécia. Empregada desde a década de 1990 para atrair um consumidor mais jovem, mais aberto à pirotecnia da coquetelaria, a flavorização foi uma estratégia pioneira da Absolut e virou sua marca registrada. No entanto, apesar do sucesso, acabou deixando órfãos os apreciadores da bebida original.
Empenhada em atender o exigente consumidor superpremium, formado por abonados que sustentam o mundo do luxo, e manter sempre um portfólio recheado de novidades, a Absolut está lançando, na terceira semana de outubro, a Elyx, versão mais top do destilado inventado pelos russos e aperfeiçoado por ela. “É a nossa grande aposta no segmento de vodca neste ano”, diz o australiano Bryan Fry, presidente da Pernod Ricard no Brasil, dona da Absolut, e que fatura € 7 bilhões globalmente.
Cada garrafa custará cerca de R$ 190, quase o triplo das outras vodcas da empresa. Considerando que a bebida, incolor e inodora, é a “água do bar”, então o que diferencia a Elyx das demais, para custar tanto? Segundo Fry, ela é produzida com a melhor safra de grãos de trigo da fazenda da Absolut, em Ahus, e demandou um trabalho de quase uma década do mestre destilador, até apresentar as características desejadas. “A Elyx foi continuamente destilada, em pequenos alambiques, e por um longo período, não por três ou quatro vezes, como as muitas vodcas do mercado”, afirma Fry. “Esse processo resultou numa bebida extremamente pura, comparável aos uísques single malte.” Enquanto a destilação de suas irmãs e primas é feita no sistema de coluna, em aço, a da nova vodca ocorre em alambique de cobre. “Esse metal absorve as impurezas que ‘sujam’ a bebida, durante a sua manufatura”, diz César Adames, professor de bebidas do Senac e da International Bartenders Association.
“É um processo que demora cerca de seis vezes mais que a destilação em coluna, o que acaba encarecendo o produto.” Segundo ele, o resultado é uma vodca mais íntegra. “Certamente, irá agradar o verdadeiro apreciador do destilado”, afirma Adames. Além dessas características, a Elyx também deixa claro que é um produto diferenciado pela sua apresentação. “É a única garrafa de Absolut quadrada”, diz Fry, da Pernod. Segundo o executivo, o Brasil é um dos primeiros países a receber o produto.
A Elyx vai desembarcar aqui antes mesmo dos Estados Unidos, o mercado mais importante da marca no mundo e que consome cerca de 49 milhões de litros de Absolut por ano. “O Brasil apresentou uma excelente performance no mercado de bebidas premium”, afirma Fry. “Dentro do portfólio de bebidas da Pernod Ricard, o País cresceu cerca de 32% em relação a 2009, quatro vezes mais do que a média do restante do mundo.” De acordo com o executivo, num primeiro momento, a distribuição irá se concentrar em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
“O que percebemos na Pernod é que, em geral, as pessoas estão bebendo menos, mas fazem questão de produtos melhores”, diz. “Por isso os mercados de premium e superpremium têm subido a cada ano.” O professor e consultor Adames crê que os tipos superpremium da bebida podem contribuir para uma volta à maneira original de se apreciar a vodca, ou seja, pura ou com gelo, como acontece em seus países de origem, no caso a Rússia e a Polônia. Claro que, como toda boa vodca, ela casa bem com as misturas dos mixologistas ou bartenders. Mas a nova Elyx, e as outras mais que vierem na sua carona, libertou a vodca dos penduricalhos perfumados da coquetelaria, promovendo seu estado bruto. Graças ao seu processo, guardado a sete chaves pela Pernod Ricard, mesmo ela tendo 40% de teor alcoólico, desce redondo, na opinião dos especialistas.
Um uísque hiperpremium
Além da chegada da nova vodca Absolut, a Pernod Ricard promete sacudir o mercado de uísques com o lançamento, no próximo fim de semana, do mais novo destilado do seu cartel de bebidas sofisticadas: o Chivas Royal Salute - 62 Gun Salute. A marca foi lançada pela primeira vez em 1953, para comemorar a coroação da rainha Elizabeth II. A bebida deste ano foi uma criação de Collin Scott, o atual master blended dedicado exclusivamente ao produto. Em sua receita, foram usados maltes que envelheceram, no mínimo, 40 anos. Para finalizar, a bebida ganhou uma garrafa de cristal de fazer inveja aos mais maduros destilados das highlands. Além da beleza do seu design, recebeu toques de ouro no seu corpo e tampa. Só 50 garrafas serão vendidas no Brasil, ao preço de R$ 10 mil.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro