Cade deve analisar acordo da Kirin com AB Inbev no Japão

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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve analisar os acordos que a Kirin tem com a Anheuser-Busch Inbev (AB Inbev) para produzir e distribuir a Budweiser no Japão. O objetivo será o de verificar se a empresa japonesa, que adquiriu a Schincariol, será mesmo uma rival efetiva da Ambev no Brasil.

A informação de que a Kirin possui esses acordos chegou ao Cade por meio dos minoritários da Schincariol. Antes de fechar o negócio com os japoneses, eles ameaçaram ingressar com uma representação no órgão antitruste.

Representados pela Jadangil, os minoritários procuraram integrantes do Cade para contestar a compra de ações da família Schincariol que equivalem a 50,45% da empresa. Esse negócio foi notificado ao Cade em 11 de outubro. Duas semanas depois, o órgão antitruste foi informado que a Kirin detém acordos com a Anheuser-Busch para vender a Budweiser no Japão. A Anheuser pertence à AB-Inbev, que é dona da Ambev, líder do mercado de cervejas no Brasil.

Com isso, a aquisição da Schincariol pelos japoneses poderia representar a compra da empresa que tem mais condições de competir com a Ambev justamente por um grupo que tem contrato com a controladora da Ambev. A questão levada ao Cade é se a união entre Kirin e Schincariol faria com que esta se enfraquecesse perante a Ambev, prejudicando, ao fim, a competição no Brasil.

O Cade também foi informado que a Kirin tem parceria internacional com a Heineken - outra rival da Schincariol no Brasil.

Os representantes da Jadangil também argumentaram que o alto preço pago aos irmãos controladores Adriano e Alexandre Schincariol - R$ 3,95 bilhões - poderia acobertar alguma prática anticoncorrencial. O montante seria superior ao valor patrimonial das ações adquiridas. Ele também foi maior do que as recentes transações entre empresas do setor. Aqui, a questão que foi levantada para o Cade é se o valor teria o objetivo de comprar uma concorrente de fato da Ambev no Brasil.

Tudo somado, a Kirin viu-se diante de possíveis queixas de minoritários que poderiam dificultar a aprovação do negócio no órgão antitruste. Ao fim, a decisão de adquirir a parte da Jadangil por R$ 2,35 bilhões acabou fazendo com que esse grupo não ingressasse com todas essas contestações formalmente no Cade. Ou seja, facilitou a eventual aprovação da compra, que, até aqui, tramita no órgão antitruste sem opositores. Sem essas queixas, que seriam formalizadas ao longo da tramitação do processo, a possibilidade de aprovação é mais forte.

O Cade terá de verificar as condições de rivalidade da Schincariol frente à Ambev. Devem ser feitos questionamentos sobre os contratos da Kirin com a AB Inbev e com a Heineken. Mas, frente ao domínio da AmBev no mercado de cervejas, que é próximo de 70%, a tendência inicial no Cade é a de aprovação da compra da Schincariol, pois o negócio significa injeção de capital na empresa e aumenta seu poder de investimento perante a concorrência.

Desde que aprovou a criação da Ambev em 2000, o Cade passou a ser mais rigoroso com a companhia e investigou uma série de denúncias sobre a sua conduta no mercado. A maior parte foi arquivada, mas, em julho de 2009, a AmBev foi multada em R$ 352 milhões por causa de um programa de fidelidade de pontos de venda. A denúncia contra esse programa foi feita pela Schincariol.


Veículo: Valor Econômico


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