Marca de cachaça brasileira pode interessar à Diageo

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O diretor-presidente da Diageo PLC, Paul Walsh, está se abrindo sobre seus planos para sua sucessão.

O líder de longa data da maior companhia de bebidas alcoólicas do mundo por receita disse, numa recente entrevista ao The Wall Street Journal, que pretende permanecer no cargo até meados de 2014 e apontou Ivan Menezes, o diretor de operações, como o candidato interno que é o primeiro da fila para sucedê-lo.

Especulações sobre a aposentadoria de Walsh vêm se propagando desde o final de fevereiro, quando a Diageo nomeou o indiano Menezes, ex-presidente da Diageo North America e presidente das divisões da Ásia, Oceania e América Latina, como o novo diretor de operações. Walsh, de 56 anos, já está no cargo de diretor-presidente da companhia britânica por quase 12 anos.

Em seu escritório, na elegante Praça St. James, em Londres, Walsh fez um esboço da sua visão para a empresa, que tem ainda como marcas o uísque escocês Johnnie Walker, a vodka Smirnoff e o rum Captain Morgan. Seguem trechos editados da entrevista:

WSJ: O sr. há pouco tempo nomeou Ivan Menezes como diretor de operações. O que isso significa?

Walsh: Acredito que todo diretor-presidente deve levar o plano para sua sucessão muito, muito a sério. O meu trabalho é dar opções ao conselho administrativo. Essa nomeação deixa bem claro que o Ivan é o candidato que está na frente. Há também muitos outros executivos de talento no negócio, mas o Ivan é o que está na frente. O momento será determinado pela agenda da empresa; pelo conselho; pelo nosso desempenho - pelo desempenho do Ivan - e será muito, muito flexível.

WSJ: Em agosto passado, o sr. definiu metas para um período de três anos que termina em 2014. O sr. está comprometido a ficar até o fim desse período?

Walsh: Sim.

WSJ: Os Estados Unidos são o maior mercado da Diageo. Como está indo o mercado americano de bebidas alcoólicas?

Walsh: [Os EUA] estão mostrando sinais muito bons de melhora. Não é uma reviravolta, mas é estável, e vem sendo consistente provavelmente pelos últimos 15 meses. Agora, os EUA não vão nos oferecer o mesmo crescimento que o Brasil. No entanto, esse crescimento mais modesto incide sobre uma base muito maior. [...] É um terço do nosso negócio, e é o mercado de bebidas alcoólicas mais lucrativo do mundo.

WSJ: Que tendências de marca de bebidas, e que tendências de sabores, o sr. vê nos EUA?

Walsh: A tendência no momento é muito mais de fórmulas de vodkas com sabores. Há marshmallow, chantili - e elas vão bem. Uma que é a estrela do momento é a Ciroc Peach. Ela realmente capturou a imaginação. Você descobre que perfis de sabores têm muito a ver com a idade e o sexo das pessoas. Mas as pessoas mudam. Por exemplo, pode ser surpreendente que nós agora estejamos vendo mais mulheres poderosas bebendo uísque.

WSJ: Isso é algo que o sr. está tentando promover?

Walsh: Eu não diria promover. É uma tendência da qual estamos conscientes, e que nós vamos estimular, ao permitir e cultivar essas relações. Mas está acontecendo. Não somos nós que estamos empurrando uma garrafa de uísque nas mãos de uma celebridade ou coisa assim. Eu acho que Lady Gaga é uma grande consumidora de uísque. Deixe-me dizer de uma outra forma: Ela aprecia beber uísque.

WSJ: Nós devemos esperar uma recuperação dos abatidos mercados europeus?

Walsh: Eu não acredito que as tribulações dos mercados em dificuldade vão ser resolvidas tão cedo. Muita gente repete o gracejo: 'As pessoas não bebem mais nos tempos difíceis?' Mas se você não tem nenhum dinheiro no bolso, você não vai sair e não vai desfrutar dos produtos que nós oferecemos.

WSJ: A Fortune Brands desmembrou sua divisão de bebidas alcoólicas na Beam Inc., que inclui as marcas Jim Beam, Makert's Mark e Knob Creek., e cuja ação está agora bem cotada. Que partes do portfólio da Beam o sr. se interessaria em comprar?

Walsh: Nós obviamente olhamos tudo que está acontecendo no setor. Concordo com a sua observação de que o preço da ação está alto. Do ponto de vista da competição, é muito delicado para mim dizer: 'Nós gostamos daquela marca. Nós não gostamos daquela marca'. No entanto, eu acho que também é justo dizer que a totalidade daquele grupo não seria de interesse.

WSJ: O sr. comprou um grande número de empresas de bebidas alcoólicas locais, entrando no licor baijiu, na China, e no raki, na Turquia, e assumindo uma participação de controle no rum Zacapa, da Guatemala. Há outras bebidas locais lá fora nas quais o sr. estaria interessado?

Walsh: Sim, há. Muitas culturas têm suas próprias formas de álcool.

WSJ: O que dizer do Brasil? O sr. compraria uma marca de cachaça?

Walsh: Cachaça? Sim, nós daríamos uma olhada nisso. Essa é uma categoria em crescimento.

WSJ: O sr. é no momento o maior distribuidor da tequila José Cuervo. O sr. conversou com os donos da marca, a família Beckmann, sobre uma aquisição. Em que pé estão essas conversas?

Walsh: Eu não quero ser específico sobre em que pé as conversas estão. O que eu diria é que eu tenho uma relação muito boa com a família Beckmann, e tenho uma grande admiração pela marca Cuervo, mas eu acho que é uma marca que não está aproveitando todo o seu potencial. Da mesma forma, é uma marca da qual nós tiramos uma margem limitada como distribuidor. Então, o que venho deixando muito claro, de uma forma muito transparente e cordial, é que [...] nós não vamos simplesmente reeditar o acordo de distribuição que temos hoje.

WSJ: Esse acordo acaba em 2013?

Walsh: Sim, então você tem esse final de história. O outro final que você tem é um controle de 100%. Eu não pegaria nada que não fosse controle, ou um caminho para o controle. Então, esse é o tipo de equilíbrio em que nós estamos.



Veículo: Valor Econômico


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