As propriedades que a nova ABInBev tem para vender estão avaliados entre US$ 9 bilhões e US$ 15 bilhões. A companhia, formada anteontem, com o fechamento da compra da americana Anheuser-Busch pela belgo-brasileira InBev, deve agora aos bancos US$ 65 bilhões, entre dívidas anteriores das duas cervejarias e o empréstimo de US$ 54,8 bilhões liberado na terça-feira para a aquisição. Desse total, há um empréstimo-ponte de US$ 9,8 bilhões que vencerá em seis meses. Para o pagamento dessa parcela, Carlos Brito, presidente da InBev, já havia dito que venderia ativos das duas empresas.
Segundo analistas de mercado consultados pela Reuters, os parques de diversões que eram da Anheuser-Busch (entre eles o SeaWorld e o Busch Gardens) poderão ser vendidos pela nova empresa por um valor que varia entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. As fábricas de embalagens (uma unidade produtora de latas, outra de reciclagem de alumínio e uma manufatura de rótulos), poderiam gerar entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões. O negócio de produção de cerveja da InBev na Coréia valeria entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões. Existe também a possibilidade de que a cervejaria alemã Radeberger, do grupo Oetker, adquira as operações germânicas da InBev, que incluem as marcas Beck's e Franziskaner. O negócio poderia ficar entre US$ 2 bilhões e US$ 4 bilhões. Nenhuma das duas empresas, entretanto, admite estar em negociação.
Outro ativo que estaria à venda é a participação minoritária que a InBev tem na chinesa Tsingtao Brewery. Anteontem, a recém-criada autoridade antitruste da China aprovou a criação da ABInBev, desde que a companhia se limite à participação que tem hoje na empresa, de 27%. A venda dessas ações geraria algo entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões.
O maior problema está, entretanto, na participação de 50,2% que a Anheuser-Busch tem no Grupo Modelo, a maior cervejaria do México. Segundo analistas da BernsteinResearch, de Londres, o desejo da Modelo é comprar de volta a metade vendida para os americanos.
A InBev, ou ABInBev, por outro lado, já havia anunciado que não quer se desfazer da empresa, já que o mercado mexicano é promissor e a Modelo detém marcas fortes, como a Corona. A venda dessa participação poderia alcançar US$ 4,5 bilhões. A Modelo, conforme seu último relatório de resultados, tem US$ 2 bilhões em caixa, que poderiam ser usados para a transação.
Fora isso, há a arbitragem pedida pela mexicana, que ainda não tem data para ser julgada. A decisão irá acontecer em uma corte de Nova York com base em leis mexicanas. O resultado pode ser a determinação da venda dos 50% para a Modelo. Mas nenhum analista arrisca nessa ou em outra aposta sobre o final dessa história.
Veículo: Valor Econômico