Dólar mais alto leva Salton a rever metas de crescimento

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Caminhões disputam o mesmo espaço com carros e pessoas que carregam dezenas de caixas de um lado para o outro, para cima das carrocerias e para fora da sede da fabricante de bebidas Salton, na zona Norte de São Paulo. Entre um caminhão e uma pilha de caixas, uma porta leva ao escritório da empresa. Lá dentro, Angelo Salton, presidente da companhia, não esconde o entusiasmo com a temporada de fim de ano. O dólar mais alto deve inibir as vendas de vinhos e espumantes importados, o que pode impulsionar as vendas dos produtos brasileiros. Na Salton, a meta é vender 5 milhões de garrafas de espumante este ano, ante 3,6 milhões de garrafas vendidas no ano passado.

 

Nos cálculos do empresário, o crescimento das vendas de espumantes no fim do ano, que estava previsto para ser de 15%, deve alcançar até 25%. Cerca de 55% da produção deve ser comercializada nos últimos meses do ano. O mês começou com desempenho bastante positivo. Do dia primeiro até a manhã do dia 10 de novembro, a fabricante já havia comercializado 269 mil caixas de bebidas, o equivalente a cerca de R$ 10 milhões - 55% desse total de espumantes. Além dos espumantes, a empresa comercializa o Conhaque Presidente, vinhos e suco de uva. "Saímos de produtos populares e agora vendemos produtos de maior valor agregado", afirmou Salton.

 

Apesar das boas perspectivas, Salton não esconde a insegurança em relação a crise financeira internacional. O executivo expôs a Gazeta Mercantil o plano da empresa para enfrentar possíveis percalços da economia. "Nós vamos nos adaptar muito bem às novas condições. São trinta anos vivendo na crise. Mas a situação é preocupante", disse.

 

Logo após o início da crise, no dia seis de outubro, o empresário enviou uma mensagem para todos os diretores e gerentes da empresa com recomendações para os próximos meses. Entre os pedidos, Salton ressaltou a importância de vender para clientes que historicamente pagam em dia. "Não é hora de arriscar clientes", afirmou.

 

Além disso, o prazo das vendas precisa ser reduzido. Se em outras temporadas a empresa aceitava pagamentos até fevereiro, algumas vezes até março, a ordem de 2008 é antecipar o máximo possível. As vendas de final de ano devem ser contabilizadas de 15 de dezembro a 30 de janeiro, de acordo com Salton. "Se deixar os clientes querem pagar em fevereiro. Estamos negociando e conseguimos puxar", afirmou.

 

Na hora de abastecer a companhia, no entanto, a ordem é inversa. "Precisamos comprar com preços cada vez melhores e com prazos longos", disse. "Pagamentos para 30 de janeiro em diante. Agora é a vez do comprador", explicou.

 

Corte de custos

 

Outro pedido do empresário foi evitar o desperdício. "Precisamos conseguir melhorar a produtividade. Isso acontece com uma somatória de atitudes como evitar quebrar garrafas na hora de abastecer e desabastecer os caminhões, por exemplo", disse. "Os custos gerais da empresa também precisam cair. É hora de enxugar cada vez mais" , afirmou. Entre as áreas que devem ter o orçamento reduzido Salton destacou as ações de marketing e divulgação.

 

Enquanto a situação não se estabilizar, o empresário decretou que grandes investimentos estão suspensos. "Só quando for aprovado por toda a diretoria", disse. "Não é hora de trocar máquina copiadoras, fogão, geladeira, essas coisas. Os investimentos serão selecionados", disse.

 

Ainda de acordo com Salton, fazer caixa é imprescindível neste momento. "Precisamos transformar em vendas estoques parados. Precisamos pegar tudo que sobrou, vender e fazer dinheiro", afirmou.

 

Com grau de endividamento baixo, Salton ressaltou que as recomendações não fazem parte de nada exótico. "Eu só pedi o óbvio", disse o executivo.

 

Veículo: Gazeta Mercantil - 14/11/2008


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