Os acionistas da cervejaria americana Anheuser-Busch, que controlam, pouco mais de dois terços da companhia, aprovaram ontem a proposta de compra feita pela InBev em julho. Em uma reunião feita em Nova Jersey, nos arredores de Nova York, o negócio de US$ 52 bilhões recebeu 497 milhões de votos favoráveis, o que representa 68,76% das ações em circulação. Cerca de 96% dos acionistas minoritários participaram da assembléia, o que a Anheuser-Busch considerou uma ótimo comparecimento para endossar a transação.
O clima da reunião foi descrito pelo diretor executivo da cervejaria, August A. Busch IV, como um dia "agridoce". Isso porque a fabricante da Budweiser, desde sua fundação, em 1852, permanecera como uma empresa de capital totalmente americano. "Por outro lado, o negócio é um grande passo para a internacionalização de nossas marcas, o que é um sonho antigo de nossa família e dos americanos em geral", afirmou o presidente executivo depois da assembléia, que durou 25 minutos. Agora, para que o negócio seja realmente fechado, resta a aprovação das autoridades americanas, européias e chinesas (já que a 27% das ações da China Brewer Tsingtao pertencem à AB). "Não sabemos quanto tempo esse processo irá levar", escreveu Dave Peacock, vice-presidente de marketing da AB e futuro presidente da empresa após a fusão, em um e mail para os funcionários da cervejaria americana. "Há quem aposte em uma finalização para breve. Não podemos confirmar uma data específica, mas nosso cronograma de resolver tudo até o final do ano continua valendo."
Isso é o que esperam os bancos que financiam a InBev. A companhia belgo-brasileira tem o compromisso de nove bancos para um empréstimo de US$ 45 bilhões para viabilizar a aquisição. O empréstimo entretanto, ainda não foi sacado. Como esse dinheiro está "reservado" para a InBev, as instituições aguardam ansiosas que a cervejaria saque logo o montante, para começar a cobrar juros e dividendos.
O leque de participantes do empréstimo foi ampliado desde o início de setembro, envolvendo os seguintes bancos: Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ, Barclays Capital, BNP Paribas, Deutsche Bank, Fortis, ING, JP Morgan, Mizuho, Royal Bank of Scotland e Santander. Antes, dos vinte bancos convidados pela InBev, formavam o pool provedor do empréstimo o Bank of America, BayernLB, Dresdner Bank, Intesa Sanpaolo, KBC Bank, Rabobank, Scotia Capital, Société Générale e Toronto-Dominion Bank. Outros bancos poderão entrar no negócio, mesmo depois de a InBev já ter sacado o empréstimo.
"Os bancos estão descapitalizados. Por isso querem dividir o empréstimo com outras instituições e assim também diminuir o risco", afirma Adalberto Viviani, consultor especializado em bebidas. O valor atual da InBev é de US$ 22,7 bilhões e o da AB, US$ 48 bilhões. (com agências internacionais)
Veículo: Valor Econômico