O ano de descobrimento do Rio São Francisco, 1501, dá nome ao novo rótulo da pernambucana Vinícola São Francisco, dona da marca Botticelli - um dos ícones da produção de vinhos finos do Vale do São Francisco, região que envolve oito municípios do semi-árido de Pernambuco e da Bahia. Com sete vinícolas, o Vale responde por 15% dos vinhos finos produzidos no Brasil.
Com o Botticelli 1501, um cabernet sauvignon de uvas selecionadas da safra própria de 2006, a empresa quer atingir o público que costuma torcer o nariz para os outros rótulos da marca vendidos nas redes varejistas e que se enquadram na faixa de até € 5 - preço médio de 75% dos vinhos vendidos em todo o mundo.
Dona de 50% do mercado de 150 mil caixas de vinho de Pernambuco, a Botticelli atinge quase o mesmo percentual do mercado baiano e destaca-se ainda em Fortaleza e Natal, com 15% de participação, atingindo uma média de 3% nas demais capitais do Nordeste, de acordo com dados da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) fornecidos pela empresa.
Edição limitada
A primeira edição do 1501 está limitada a 12 mil garrafas que serão distribuídas nos próximos oito meses apenas em restaurantes e delicatessens, onde devem custar em torno de R$ 50. Daqui a seis meses será lançada uma remessa envelhecida em barris de carvalho, um diferencial dessa primeira leva que tem a uva como principal elemento para garantir o sabor.
Elaborado pelo enólogo italiano Ineldo Tedesco, pioneiro na produção de vinhos no Vale do São Francisco, o novo rótulo da Botticelli quer posicionar-se como um produto de qualidade, disposto a levar títulos como o de melhor vinho de 1989 concedido pela revista Playboy ao cabernet sauvignon da marca. Na época, a vinícola tinha apenas cinco anos e produzia vinhos jovens, no estilo californiano. Uma iniciativa do italiano Francesco Pérsico que identificou no sertão nordestino as condições ideais para uvas finas que chegam a ter duas safras por ano.
Depois de Salvador e Recife, o novo vinho será lançado no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, estados que já conhecem a linha Botticelli. "O 1501 é um vinho para marcar uma posição", resume o empresário Gualberto Almeida, dono da vinícola.
A empresa não detalha os investimentos específicos na nova marca e não espera que ela represente um aumento expressivo no volume global de vendas, mas não esconde que a estratégia é um contra-ataque aos vinhos chilenos e outros importados que invadem o mercado nacional.
A produção da São Francisco atinge 1,5 milhão de litros a partir da colheita de 200 toneladas de uvas.
Enoturismo
Prevendo o lançamento da linha Botticelli Equilíbrio, com uvas assamblage, para o primeiro trimestre de 2009, a Vinícola São Francisco está investindo também no Enoturismo, uma tendência que desponta na região do Velho Chico, e irá oferecer uma sala de degustação com visão panorâmica dos seus vinhedos que ocupam uma área total de 150 hectares.
A adequação da vinícola para a visitação turística custou R$ 150 mil e os primeiros grupos já começam a ser recebidos.
Veículo: Gazeta Mercantil