Depois do impacto da valorização do dólar, que afetou os preços de matérias-primas como alumínio, açúcar, malte e lúpulo, a mudança do sistema de cobrança do PIS e da Cofins tem deixado a maior cervejaria do Brasil, a Companhia de Bebidas das Américas (AmBev), apreensiva em relação ao reflexo dessa mudança nos preços da cerveja. "Ainda não podemos estimar qual será o impacto dessa mudança", declarou o presidente da AmBev, Luiz Fernando Edmond, em conferência com analistas ontem. "Estamos aguardando e vamos fazer de tudo para minimizar esse impacto o mais rápido possível", afirmou Carlos Brito, presidente da InBev - gigante da qual a AmBev é subsidiária - também em conferência ontem.
"Nós esperamos que o governo não seja muito agressivo", afirmou Edmond. Apesar das mudanças ainda não terem sido regulamentadas, o que impede as cervejarias de calcularem quais serão os impactos, as alterações devem consistir no valor e na forma das alíquotas dos impostos, que hoje são calculadas sobre o volume e passarão a ser calculadas em cima do faturamento. As mudanças devem ser anunciadas no próximo dia 15 de novembro e devem passar a valer a partir de primeiro de janeiro 2009.
"Nós estamos esperando, mas estamos prontos para implementar iniciativas para compensar os impactos", disse Edmond. "Esperamos que o governo amplie as iniciativas para diminuir a sonegação fiscal. Nós aceitaríamos ampliar a carga tributária se não tivéssemos concorrentes que não pagam todos os impostos", afirmou.
Para o próximo ano, a empresa já protegeu suas operações com reais e dólares com um câmbio fixado em R$ 1,88, abaixo da média de R$ 2 de 2008. Segundo Brito, é possível proteger com operações de hedge cerca de 30% das commodities que a companhia compra.
Resultados
A AmBev divulgou ontem que seu lucro líquido cresceu 60,9% no terceiro trimestre, para R$ 949 milhões, apoiado por um forte ganho gerado por variações cambiais sobre investimentos em moeda estrangeira. A empresa registrou ganhos com instrumentos derivativos de R$ 301,8 milhões, mas teve uma perda com variação cambial de R$ 342,8 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos e amortizações) alcançou R$ 2,03 bilhões, ante R$ 1,99 bilhão no terceiro trimestre do ano anterior.
Somadas as operações de cerveja e refrigerantes, a companhia registrou alta de 5% no volume de vendido no trimestre, para 34,44 milhões de hectolitros. A receita avançou 3,6%, para R$ 4,8 bilhões.
No Brasil, o volume vendido de cerveja teve alta de apenas 1,1%. Segundo Edmond, o desempenho da cervejaria foi impactado pela pressão inflacionária e pelas condições climáticas. "Tivemos muita chuva e baixas temperaturas no Brasil", disse Edmond.
As vendas de refrigerantes cresceram 14,8%. De acordo com Edmond, o bom desempenho se deu principalmente as inovações, como o Guarah. O executivo afirmou que essa categoria de produtos pode ser explorada com novos sabores.
Com agências internacionais
Véiculo: Gazeta Mercantil