Para elevar em mais de 30% o faturamento com o negócio no Brasil e o consumo de café em cinco anos, a alemã Melitta quer fisgar o paladar dos jovens de 15 a 30 anos. A meta é somar R$ 1 bilhão de faturamento em 2017, consagrando a segunda maior receita, atrás apenas da Alemanha. Setenta por cento das vendas são puxadas pelos subprodutos do grão. Hoje o consumo da bebida, que é de cinco quilos per capita ao ano e ostenta o segundo crescimento mundial depois dos Estados Unidos, é concentrado entre adultos, o que chega a ser três vezes maior em relação à faixa mais nova. O novo produto é o Wake (do inglês, acordar), bebida gelada à base de leite e com leve gosto de café, que estreou em três sabores e, por enquanto, só está à venda no Estado e em Santa Catarina.
O presidente do grupo, segundo no segmento de cafés solúveis no mercado nacional e líder em filtros de papel, Bernardo Wolfson, já tem pronto um plano de investimentos para o período para sustentar a projeção de sair da receita anual de quase R$ 700 milhões, em 2011, para R$ 1 bilhão. A aprovação pela cúpula do grupo ocorrerá em maio. Desde 2009, a marca, que adquiriu em 2006 a grife gaúcha Bom Jesus, avança em média entre 10% e 12%. Mas Wolfson, nascido em Cuba e há nove anos à frente da operação brasileira da companhia holandesa, não espera que o desempenho mantenha esta escalada.
Nos últimos 15 anos, a média ficou entre 3% e 5% de aumento. O salto recente foi associado ao ganho de renda e inserção de novas classes de renda (C e D). O Brasil é o segundo em consumo no mundo e primeiro em produção. “Mas o crescimento vai continuar e temos oportunidades muito importantes com a Copa do Mundo e Olimpíadas”, observou o executivo, que veio à Capital nesta quarta-feira para apresentar oficialmente o Wake.
“É um mercado consolidado para cafés”, atribuiu o presidente. A nova bebida, disponível apenas no Brasil, disputará vendas de nichos de bebidas não alcoólicas, cuja ingestão é de dois a 2,2 litros ao ano per capita. A produção ocorre na planta do laticínio Tirol, em Treze Tílias, em território catarinense. O plano de investimentos deve canalizar ampliações nas unidades da empresa, as de café, situadas em Bom Jesus (RS) e Avaré (SP), e de papel (Guaíba). Wolfson não quis adiantar o montante. Entre 2009 e 2011, o aporte chegou a R$ 120 milhões. A bebida gelada envolveu injeção de R$ 6 milhões e está há dois meses nas gôndolas, basicamente nos supermercados. O desafio é elevar a exportação de grãos com maior valor, que ainda é restrita devido ao maior consumo interno.
A disputa pelo segmento dos chamados blend é restrita também pela menor oferta de variedades. Hoje europeus e americanos agregam marca e elaboração, ao combinar procedências, entre brasileiros (35% da composição), colombianos e outras procedências. “É uma limitação porque o Brasil só tem grãos nativos, que são muito bons, mas europeus e americanos estão acostumados a um blend mundial”, explicou. No mercado sul-americano, o maior desafio será converter a supremacia da ingestão da modalidade solúvel para grãos moídos.
Veículo: Jornal do Comércio - RS