As barreiras dos EUA ao suco de laranja brasileiro provocaram queda de 32% nas exportações do produto àquele país no primeiro semestre.
Segundo a CitrusBR (associação dos exportadores de sucos cítricos), entraram nos EUA 29 mil toneladas de suco brasileiro até junho.
Com esse desempenho, o Brasil não conseguirá manter o volume médio de exportações de suco aos EUA, de 170 mil toneladas por ano, segundo Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR.
O tombo só não foi maior porque as indústrias encontraram um caminho para driblar a barreira norte-americana: substituir parte da venda de suco de laranja concentrado pelo não concentrado.
O argumento dos EUA para impedir a entrada do produto brasileiro, desde janeiro, é a presença do fungicida carbendazim no suco -liberado no Brasil, mas proibido nos EUA para a citricultura.
Como no suco não concentrado, que contém seis vezes mais água do que o concentrado, o fungicida não aparece, a estratégia foi trocar o tipo de produto exportado.
"Algumas indústrias renegociaram contratos de venda e trocaram o suco concentrado pelo não concentrado", afirma Lohbauer.
Resultado: a participação do suco não concentrado nas vendas aos EUA aumentou de 32%, em 2011, para 57%.
Em menor volume, o suco concentrado continuou entrando nos EUA. Foram 12,6 mil toneladas no primeiro semestre, ou 43% do total.
Segundo Lohbauer, parte chegou aos EUA antes do fim de janeiro, quando as primeiras cargas foram devolvidas.
Além disso, algumas indústrias continuaram exportando aos EUA, após rigorosos testes no Brasil para detectar o teor do carbendazim.
A expectativa da CitrusBR é que as exportações aos EUA melhorem a partir de setembro, quando o resíduo de carbendazim nas frutas deve diminuir. Em janeiro, as indústrias, que detêm 40% dos pomares brasileiros, e parte dos produtores interromperam o uso do fungicida.
Apesar da retração nas exportações aos EUA, o embarque de suco do Brasil para todo o mundo caiu apenas 1,4% no primeiro semestre, para 526,5 mil toneladas, segundo a CitrusBR.
A queda na demanda dos últimos anos motivou a associação a lançar uma ação de marketing global de incentivo ao consumo do suco. O trabalho já recebeu US$ 1 milhão.
Veículo: Folha de S.Paulo