Emissão da cervejaria foi a segunda maior do ano, depois dos US$ 10 bilhões captados pela United Technologies
A Anheuser-Busch InBev, controladora da brasileira Ambev, surpreendeu o mercado ontem com uma oferta gigante de US$ 7,5 bilhões em bônus, que atraiu mais de US$ 30 bilhões em pedidos de investidores. A fabricante de bebidas planeja usar o dinheiro para finalizar a fusão com o Grupo Modelo, do México, que fabrica a cerveja Corona.
Classificados pelas agências de risco como A simples, os papéis oferecidos pela AB InBev tinham quatro opções de maturidade, entre 3 e 30 anos. Foi a segunda maior emissão de bônus corporativos em dólar neste ano, depois dos US$ 10 bilhões captados pela United Technologies em maio.
Segundo analistas, a demanda refletiu a fuga dos investidores dos Treasuries americanos, cujo retorno tem sido mantido baixo pelo Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos).
"Há uma demanda muito forte por bônus A simples de nomes de alta qualidade como esse", disse Rob Crimmins, gerente sênior de carteira da Guardian Life Insurance Company of America. "As pessoas amam investir em indústrias bem conhecidas."
Tanto dinheiro tem inundado o mercado americano de bônus com grau de investimento que um número recorde de bônus corporativos está sendo negociado bem acima de seu valor de face. A emissão da AB InBev foi coordenada pelo Bank of America Merrill Lynch, Barclays, Deutsche Bank e JPMorgan.
Aquisição. A empresa planeja usar o resultado da emissão para concluir a fusão com o Grupo Modelo, que cria a maior companhia no mercado global de cervejas.
Há duas semanas, as empresas informaram que a AB InBev vai comprar a participação restante por US$ 9,15 por ação, em dinheiro, numa transação avaliada em US$ 20,1 bilhões. "Juntos seremos a maior cervejaria global, com grandes marcas e liderança em alguns dos países de crescimento mais rápido", afirmou Carlos Fernandez, presidente do Grupo Modelo.
Os bônus da AB InBev são os primeiros de uma enxurrada de ofertas relacionadas a atividades de fusões e aquisições esperada para o segundo semestre, num momento em que empresas trocam dívida de curto prazo por empréstimos de longo prazo.
Veículo: O Estado de S.Paulo