O aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre bebidas frias, que entra em vigor em 1º de outubro, preocupa os analistas que acompanham a Ambev. Relatório do HSBC aborda a necessidade de a empresa apresentar mais detalhes "sobre os possíveis efeitos do aumento iminente nos impostos incidentes no Brasil, tanto em cervejas como refrigerantes" e questiona se a nova tributação pode afetar os investimentos planejados para 2012.
Este ano, a companhia informou que poderia investir R$ 2,6 bilhões - valor em linha com o que foi aplicado em 2011, de R$ 2,5 bilhões. Em entrevista ao Valor este mês, antes do período de silêncio, o presidente da Ambev, João Castro Neves, disse que os investimentos do primeiro semestre haviam sido mantidos conforme o planejado. "Se tudo correr bem, a capacidade de produção pode aumentar em até 10% este ano", disse.
"Impostos mais altos devem impactar vendas negativamente", diz o relatório do banco Safra. "Apesar de nossa visão positiva sobre a companhia, com uma geração forte e estável de fluxo de caixa livre, consideramos as ações como totalmente precificadas com seu múltiplo preço por lucro [P/L] para 2012 em cerca de 40,2% acima de sua média histórica", informa o documento.
O Itaú projeta aumento de 7,7% no preço por hectolitro no segundo trimestre, como resultado do impacto negativo decorrente de aumento de impostos no primeiro trimestre, da ordem de 2,2%.
"Estamos interessados em ver se a Ambev pode apresentar um crescimento mais balanceado de volumes e preços em 2012", diz o relatório do HSBC, assinado por Lauren Torres e James Watson. A companhia apresenta resultados do segundo trimestre amanhã.
O lucro líquido da Ambev no segundo trimestre deve crescer entre 7,6% e 11,7% segundo estimativas de três bancos (HSBC, Deutsche e Itaú BBA) e de uma casa de análise (Raymond James) que acompanham a empresa. A previsão mais otimista vem do HSBC (R$ 2,04 bilhão de lucro líquido, versus R$ 1,83 bilhão reportado no trimestre de 2011) e a menos animadora é a do Itaú BBA (R$ 1,97 bilhão). O Itaú é ainda o mais conservador em relação à expansão da receita líquida: 14,2%, para R$ 6,63 bilhões. Já o Deutsche prevê avanço de 20,2% no período.
Em aumento de volume de cervejas, Deustche e Itaú BBA têm expectativas parecidas: 3,6% e 3,7%, respectivamente. O HSBC prevê alta de 6,5%. Em refrigerantes, o Deutsche estima avanço de 6%.
"Em termos de preço de cerveja, estamos assumindo crescimento de 5% em receita por hectolitro. Nós esperamos que as margens cresçam ligeiramente no Brasil", diz o relatório do Deutsche, assinado por Jose Yordan, Renata Coutinho e Rebeca Sanchez Sarmiento.
"Esperamos que a Ambev reporte um resultado sólido, mas sem surpresas, com margem ebitda estável na comparação anual", informa o relatório da equipe de analistas do Itaú BBA Alexandre Miguel, Barbara Angerstein, Renato Salomone e Felipe Cruz.
O Itaú espera uma leve desaceleração nos volumes consumidos no país, que deve vir acompanhada de menor ganho de mercado.
Veículo: Valor Econômico