Empresa do Japão diz que próximos três anos serão um período de estudo para o grupo no Brasil
Alagoinhas, a 140 quilômetros de Salvador, chama a atenção por alguns motivos bem diferentes. Trata-se da cidade brasileira onde o desempenho das escolas municipais mais piorou entre os anos de 2007 e 2011 — uma queda de 15% na qualidade —, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É nela também onde as duas fabricantes de bebidas que vivem em disputa pela vice-liderança no mercado brasileiro estão aplicando parte de seus investimentos.
Ontem, a Schincariol inaugurou a ampliação de sua fábrica, instalada na cidade há quinze anos. Com 33 mil metros quadrados a mais, a unidade terá capacidade para produzir 900 milhões de litros de cerveja e 400 milhões de litros de refrigerante por ano. A ampliação da fábrica de Alagoinhas, iniciada em 2010, consumiu um total de R$ 400 milhões durante dois anos.
A Petrópolis, por sua vez, está na fase de terraplanagem de sua fábrica na cidade, que deve ficar pronta em cinco anos.
A fama de Alagoinhas não para nos rótulos de cervejas ou na qualidade do ensino das escolas. A cidade também é conhecida por abrigar o aqüífero de São Sebastião, conhecido pela qualidade superior de sua água. Mas o presidente da Schincariol, Gino Di Domenico, afirmou ao BRASIL ECONÔMICO, que esta característica não interfere na decisão das empresas na hora de investir em uma região. “Atualmente, as indústrias de bebidas têm tecnologia a disposição para tratar a água em qualquer lugar do país”, afirma.
Depois da compra do controle da Schincariol pela japonesa Kirin, no ano passado, as áreas de marketing das duas empresas vemtrabalhandoemconjunto para aproveitar a experiência do grupo japonês no exterior e trazer novos produtos no Brasil. “Pode ser que seja lançada alguma marca da Kirin por aqui, masainda não temos nada definido. É política da empresa não impor este tipo de situação. Tudo depende de estudo”, afirma Senji Miyake, presidente global da japonesa Kirin. Os próximos três anos serão uma espécie de período de estudo para o grupo. “A empresa tinha um DNA muito industrial. Agora, queremos entender o que o consumidor brasileiro quer para, então, lançarmos novos produtos”, afirma Domenico.
Brinde de saquê
No Brasil, a Kirin também é dona da Tozan, fabricante de saquês. “Não pensamos em novas aquisições. A capacidade produtiva que temos é suficiente”, diz Miyake. Agora o grupo quer aproveitar as sinergias entre Schincariol e Tozan, principalmente em distribuição. “Os produtos da Schincariol chegama 600 mil pontos de venda no Brasil. É a oportunidade da Tozan crescer no país”, completa Domenico.
Em 2011, a cervejaria teve prejuízo de R$ 78,1 milhões. O presidente afirma que em 2012 este resultado será revertido. “Vamos chegar a um Ebitda de R$ 550 milhões, o que nos levará a registrar lucro líquido”, diz sem dar mais detalhes. A receita líquida deve crescer 12%, chegando a R$ 3,5 bilhões este ano. O executivo não quis detalhar quanto a companhia investiu até o momento em modernização de fábricas, ampliação da capacidade produtiva e distribuição de produtos. No balanço da companhia de 2011, a previsão era um desembolso de R$ 480 milhões em 2012.
Veículo: Brasil Econômico