As mudanças na tributação do setor de cerveja no Brasil, anunciado pelo governo após o fechamento do mercado na sexta-feira, foram recebidas positivamente por empresas, analistas e investidores.
O Itaú BBA elevou as expectativas de vendas da Ambev e o preço-alvo das ações da companhia ao fim de 2013, de R$ 80,5 por ação para R$ 82 por ação. Os papéis da maior fabricante de cervejas do país encerraram o pregão ontem cotadas a R$ 78,8, em alta de 2,2% (o Ibovespa subiu 0,7%). No ano, as ações acumulam valorização de 20,2%.
A Receita Federal decidiu adiar para abril o aumento da carga tributária do setor, antes previsto para iniciar este mês. Além disso, a alíquota será inferior à programada. Isso porque o índice que multiplica a base de cálculo de IPI, PIS e Cofins, que seria elevado em 25%, gradativamente, ao longo de quatro anos, agora será reajustado num prazo maior, de seis anos.
Com as novas regras, os preços ao consumidor terão um aumento menor do que o mercado esperava. A estimativa da CervBrasil - associação criada em maio por Ambev, Schincariol, Heineken e Petrópolis - era que, com o aumento da carga tributária, os preços ao consumidor subissem 4% a partir de ontem. Agora, a perspectiva é que as indústrias reajustem os preços de acordo com a inflação do setor, afirma Paulo Macedo, presidente da CervBrasil. Mas, segundo ele, os aumentos dependem da política de cada empresa e de eventuais aumentos de custos de matéria-prima.
A Receita calcula que as empresas implementem um aumento de preços médio, a partir de agora, de 2,15% contra os 2,85% previstos antes. Para o Itaú BBA, a Ambev vai precisar de um reajuste de 1% este mês - ante aos 2% estimados pelo banco anteriormente - e de 0,4% em abril. O Bank of America Merrill Lynch estima que o aumento de preços exigido será de 1,3% em outubro e de 0,2% em abril.
Considerando um reajuste mais leve, o Itaú BBA prevê que a Ambev tenha maiores volumes de vendas no último trimestre deste ano e em 2013. O banco espera um crescimento de 1,5% no quarto trimestre em termos anuais, na comparação com a estimativa anterior de volumes estáveis. Para 2013, a expectativa é de crescimento de 4,5% contra 4,1%. Segundo Macedo, o setor é muito sensível a preço. Portanto, com a manutenção da carga tributária até abril, "a perspectiva de crescimento de volume é maior".
Veículo: Valor Econômico