Vodca russa mais refinada sofre para entrar no país

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Desconhecimento sobre o produto e entraves burocráticos dificultam importação da bebida

Consultor comercial diz que marcas vendidas no mercado brasileiro são inferiores às de Suécia, Polônia e Finlândia


Se grandes empresas brasileiras de carne bovina e açúcar vendem quantidades expressivas para a Rússia, a vodca "superpremium" produzida naquele país não encontra a mesma sorte na hora de entrar no Brasil.

Uma das principais dificuldades, segundo consultores de comércio bilateral, é que o produto de melhor qualidade esbarra em exigências e complicações burocráticas.

O consultor dos comércios russo-brasileiro e ucraniano-brasileiro Sérgio Lessa, 25, diz que as vodcas mais afamadas na Rússia e no comércio global não têm conseguido penetrar no Brasil, por falta de interesse dos distribuidores brasileiros e dos próprios produtores russos.

Lessa, que trabalhou durante um ano na Rússia e que desde o começo deste ano atua em São Paulo, diz que as razões vão desde a exigência dos exportadores russos de importação mínima de dois contêineres, ou seja, 24 mil garrafas, até a falta de glamour das marcas especiais de vodca russa no Brasil.

A consequência é que a bebida russa consumida aqui é de qualidade inferior às provindas da Polônia, da Finlândia e da Suécia, principalmente no segmento de luxo.

Sérgio Lessa afirma que uma das poucas vodcas verdadeiramente importadas da Rússia é a Stolichnaya.

Mas ele chama a atenção para o fato de que essa marca, na Rússia, faz parte das vodcas populares de boa qualidade e não pode competir com as marcas de luxo polonesas, finlandesas e suecas encontradas no Brasil.

A versão mais elaborada, Stolichnaya Elit, não é achada facilmente nas prateleiras brasileiras.

Na Rússia, diz Lessa, preferem-se as vodcas de sabor mais forte, como as de luxo Tchistyi Kristall e a Treugolka, ou as "superpremium" Bieloe Zoloto e Medvejia Sila, mas, para exportação, uma das mais famosas é a mais suave Russkii Standart Gold, também "superpremium".

Lessa teve contato com o grupo Glazov, que lançou a vodca Kalashnikov, de qualidade média para os padrões russos, ou seja, acima do padrão das russas importadas.

A marca é assinada pelo projetista do fuzil AK-47 e tem uma garrafa em formato de projétil desse fuzil.

Mas esses atrativos não foram suficientes para convencer distribuidores brasileiros.

Um dos principais motivos foi a exigência do Glazov de só lidar com quantidades a partir de 24 mil garrafas, além do receio de prejudicar as marcas com as quais já lidam.

Lessa agora busca interessar supermercados, na sua opinião mais flexíveis.

Enquanto os negócios não engrenam, ele tem mais sucesso com viagens culturais.



Veículo: Folha de S.Paulo


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