Duas indústrias de águas minerais, a Danone, dona da Bonafont, e o Grupo Edson Queiroz, dono da Minalba e da Indaiá, travam no Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar) uma disputa em torno das propriedades terapêuticas da água.
No fim de setembro, a Danone entrou com uma representação no Conar pedindo para que a campanha da Minalba fosse retirada do ar. A campanha, veiculada em revistas femininas, sites e pontos de venda, tinha como mote o baixo teor de sódio da marca, capaz de proporcionar menor retenção de líquido e redução da sensação de inchaço. A Danone contestou a veracidade dessas informações.
No dia 10, o Conar publicou uma medida liminar recomendando a suspensão da campanha. O órgão tem 40 dias a partir da instauração do processo para julgar o caso, o que só deve acontecer nas primeiras semanas de novembro.
O mercado de águas movimenta cerca de R$ 2 bilhões ao ano e tem o Grupo Edson Queiroz, do Ceará, como líder. Em volume, a empresa responde por 12% das vendas no país. A Danone, com as marcas Bonafont e Purafont, tem uma fatia de 3%. Em águas, a atuação da multinacional francesa no Brasil é restrita ao Estado de São Paulo, onde é líder, apurou o Valor. No mercado paulista, a venda de água mineral gira em torno de R$ 700 milhões ao ano. A Minalba está em terceiro em SP, depois também da Crystal (Coca-Cola).
O Grupo Edson Queiroz preparou outra ação publicitária, que estreia hoje, assinada pela Acesso. "Vamos manter a assinatura 'Minalba, menos sódio. Comprove', porque isso já está comprovado", diz o gerente comercial do Grupo Edson Queiroz, Rogério Tavares. Segundo ele, a Minalba tem 0,92 miligramas de sal por litro de água e a Indaiá tem 0,99. Já o índice da Bonafont é de 1,21. O teor de sódio é indicado no rótulo do produto.
Eugênio Ximenes, advogado do Grupo Edson Queiroz, diz que as propriedades terapêuticas da Minalba, contestadas pela Danone, são as mesmas que a multinacional usou na campanha da Bonafont. "Eles estão sendo contraditórios", diz. O Grupo Edson Queiroz vai entrar com pedido de reconsideração da decisão no Conar, para voltar a destacar nas campanhas os efeitos terapêuticos da água.
Em nota, a Danone disse considerar "positivos os investimentos na comunicação para fomentar o crescimento do mercado nacional de água mineral, desde que pautada pelos princípios norteadores do Código de Autorregulamentação Publicitária a fim de se preservar a credibilidade do setor".
Veículo: Valor Econômico