O empresário Luiz Otávio Pôssas, que estreou no mundo dos negócios com franquia da Coca-Cola, coleciona marcas de sucesso em seu portfólio, como Kaiser e Kero Coco
É por satisfação pessoal que o empresário Luiz Otávio Pôssas, 70, inventa bebidas -uma atrás da outra.
A estreia no setor foi em grande estilo. "Fabriquei Coca-Cola durante 40 anos", diz Pôssas, que herdou a franquia da Coca em Minas.
Com ela, aprendeu a valorizar o rigor com a qualidade na produção, diz. Mas a influência não estava só no campo técnico. Ele também absorveu a cultura da gigante.
Adotou uma frase estampada na sede da empresa, em Atlanta: "O mundo pertence aos insatisfeitos"."Nunca estar satisfeito é a melhor coisa do mundo. Se já estiver satisfeito com tudo, o que vou fazer? Mais nada."
Foi a insatisfação -e a ameaça de falência no início da década de 1980- que levou Pôssas à sua primeira invenção: a Kaiser.
A criação da cerveja foi a saída encontrada para enfrentar a concorrência. "Brahma e Antarctica obrigavam o ponto de venda a comprar o refrigerante deles em função da cerveja. Era a chamada venda casada", conta.
Com uma marca própria de cerveja, poderia brigar com as líderes de igual para igual. Sem o apoio da matriz, Pôssas foi estudar cerveja em Munique e, em 1982, construiu a primeira fábrica da Kaiser.
Com ela, conseguiu elevar a participação de mercado da Coca de 15% para 48% em quatro meses.
"Outros fabricantes da Coca também quiseram a Kaiser e ela se espalhou pelo país."
Com a fusão entre Brahma e Antarctica anos depois, Pôssas decidiu sair do mercado e vendeu a Kaiser à canadense Molson em 2003. Nessa época, já fazia sucesso com a sua segunda invenção: água de coco engarrafada.
Em uma parceria com a Universidade de Viçosa, Pôssas desenvolveu a primeira tecnologia para envasamento de água de coco, dando origem à Kero Coco.
Em 2009, a marca foi vendida à Pepsico quando dominava quase 100% do mercado. "Foi uma proposta irrecusável", afirma.
SINA
Sem a Coca, a Kaiser e a Kero Coco, Pôssas teve mais tempo e capital para se dedicar a uma invenção até então restrita a amigos: hoje a premiada cachaça Vale Verde.
A produção é feita na fazenda de mesmo nome, que foi transformada em parque ecológico com atrações como o museu da cachaça e exposição de aves -outra paixão do empresário.
Em setembro, Pôssas lançou a sua última invenção: o licor de café 1727 -ano em que o grão chegou ao Brasil. Mesmo com a bebida recém-chegada ao varejo, ele diz que "o melhor já passou".
O prazer, diz, está no desenvolvimento do produto. "O gostoso é ficar provando até chegar à fórmula correta."
Por isso, o incansável Pôssas já trabalha em uma nova alquimia. Pretende lançar, em 2013, um vinho de cana-de-açúcar. "Cada um tem uma sina na vida. A minha é mexer com bebidas."
Veículo: Folha de S.Paulo