Uma das mais tradicionais vinícolas brasileiras, a Casa Valduga, de Bento Gonçalves (RS), vai acelerar a internacionalização da produção de vinhos iniciada em 2002 com a elaboração de um varietal malbec na Argentina. Denominada "Mundvs", a linha será ampliada em abril com o lançamento de um cabernet sauvignon produzido no Chile e, ainda em 2009, com um corte elaborado em Portugal, informou a diretora comercial da empresa, Juciane Casagrande.
Segundo a executiva, a estratégia da vinícola é casar a "fidelidade" dos consumidores à marca com o apelo dos produtos importados, que dominam quase 75% do mercado brasileiro de vinhos finos de acordo com os dados da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).
Juciane conta que a crise econômica e a valorização do dólar não desencorajam a empresa a tocar o projeto, até porque todos os importados são afetados pela variação cambial. Em 2008 as vendas totais da vinícola devem aumentar 15% sobre o ano passado, para 1 milhão de garrafas. Só os espumantes cresceram 25%, para 400 mil garrafas, e ampliaram a participação sobre o volume global de 37% para 40%.
A linha "Mundvs" é elaborada em parceria com uma vinícola de cada país e todo o processo, da colheita das uvas à vinificação, envelhecimento e envase, é feito sob supervisão de enólogos e agrônomos da Valduga. Conforme Juciane, há negociações para produzir também na África do Sul e os planos incluem ainda Austrália, Itália, Estados Unidos (região da Califórnia) e Uruguai.
Na Argentina, a parceria é com a Bodega Sottano, da província de Mendoza; no Chile, com a vinícola Antipod, da região do vale do rio Maipo; e em Portugal com o grupo Enoport.
Os produtos são destinados ao mercado interno, embora exista a possibilidade de vendê-los também em outros países no futuro. Neste ano, os vinhos estrangeiros vão responder por 3% das vendas físicas e 5% do faturamento da vinícola e em 2010, com os rótulos do Chile e de Portugal, a meta é chegar a 18% das receitas. A essa altura, a participação já estará próxima do "ponto de equilíbrio" estimado em 20% pela diretora.
O crescimento da linha é rápido mas o trabalho, cuidadoso, com produções iniciais de 25 mil garrafas que são ampliadas gradativamente. O lote argentino da safra 2007, por exemplo, já chegará a 50 mil garrafas e estará no mercado em março. "Será o suficiente para um ano de vendas", disse Juciane. Os preços, de acordo com ela, ficam na faixa de R$ 45 a garrafa nas lojas especializadas. "Não estamos trabalhando com commodities."
O planejamento geral da Casa Valduga para 2009 leva em consideração dois cenários. No otimista, as vendas vão subir 20%, puxadas mais uma vez pelos espumantes, adiantou a diretora. No conservador, o aumento ficará limitado a 10% como conseqüência da desaceleração econômica. As exportações representam cerca de 10% do volume de vendas da Valduga e os principais mercados da vinícola lá fora são Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Polônia, Bélgica, Luxemburgo, República Checa, Hong Kong e Austrália.
Veículo: Valor Econômico