A Lei Seca, que intensificou a fiscalização a motoristas, e começa a provocar mudanças nos hábitos de consumo, aumentou expressivamente as vendas de cerveja sem álcool, segmento que vem ganhando também mais atenção das fabricantes da bebida. A Femsa, por exemplo, lança o chope Sol sem álcool. O novo produto estréia amanhã nos primeiros pontos-de-venda, uma lista piloto de 11 bares selecionados, distribuídos em cinco cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, e Belo Horizonte. O teor alcóolico é de 0,5%, enquanto as cervejas e chope normais tem em torno dos 5%.
"A Lei Seca nos fez correr. Estamos lançando agora, no período de inverno, para sentir a reação do consumidor", disse o diretor de marketing da Femsa, Riccardo Morici, que ainda comemora o calor dos últimos dias não programado nos negócios. "A idéia é que cheguemos no verão com isso já mais consolidado. Hoje vendemos o chope tradicional para alguns milhares de pontos de venda, e o chope sem álcool deve se expandir por essa rede."
Chope vende menos
De acordo com os exemplos internos que a própria Femsa possui, a alternativa tem tudo para dar certo. Morici conta que a venda de cerveja - que pode ser consumida em maior número de bares ou mesmo em casa -, não chegou a cair. Já o chope, tradicionalmente distribuído em uma rede mais restrita, teve redução de até 30% nas vendas desde o início da lei.
Por outro lado, a Bavaria sem álcool, também comercializada pela empresa, teve um aumento de vendas de 69,5% em julho, e na primeira metade de agosto já acumula alta de 110%. "A Bavaria tradicional também está crescendo a dois dígitos, mas nada que se compare à outra. E isso sem termos feito praticamente nada de marketing", disse o diretor.
Além disso, as mudanças na lei foram a chance que o mercado de cervejas não alcóolicas precisava para explorar o potencial que ainda tem para crescer: representa atualmente apenas 0,7% do total das vendas de chope e cervejas.
Embora a participação do chopetambém seja pequena nesse universo, de apenas 2%, a aposta da Femsa no lançamento é ainda uma estratégia para reforçar a marca Sol. "O chope é visto como um produto superior à cerveja", explica.
Ambev
Entre as cervejas já há uma certa tradição de opções sem álcool, como Kronenbier, Liber, Bavária, Crystal e Itaipava - esta última lançada por sua fabricante, a Petrópolis, no início do mês. Mas ainda não há no Brasil uma opção de baixo teor para chope, e a Femsa terá que disputar o pioneirismo com a Ambev.
A empresa lançará no final de agosto uma versão da Liber, marca de cerveja sem álcool que possui desde 2004, em chope. No primeiro momento, focará o lançamento no eixo Rio-São Paulo. "Nessa região são cerca de 5.500 pontos de venda. Disponibilizaremos o produto ao mercado, mas não posso dizer se venderemos para 10 deles ou para 5.500", disse o gerente de desenvolvimento de mercado da Ambev, João Paulo Badaró.
De qualquer forma, como na Femsa, os números dão boas perspectivas ao negócio. As vendas da Liber registraram aumento de 66% em julho.
Vinho entra no mercado
Não é apenas na indústria de cerveja que refletiram as mudanças da Lei Seca. Os vinhos, limitados até como acompanhamento a um jantar, também estão tendo que se adaptar e já sentem as diferenças.
A Sobrietà Bebidas Especiais, comercializadora da Serra Gaúcha, já oferece há seis anos opções com teor alcóolica de até 0,2%. Desde a entrada em vigor da lei, as vendas destes produtos subiram 70% em relação ao mesmo período do ano passado.
O crescimento no volume ajuda a compensar os altos gastos que a produção acarreta. Como o álcool só é retirado após a bebida estar pronta, a perda é grande. Para se obter 1 litro de vinho tinto seco suave sem álcool, são necessários 2,4 litros do produto original. No caso do tinto seco, são necessários 3,5 litros para produzir 1 litro.
Veículo: Gazeta Mercantil