Rótulos caros e raros conquistam as mesas dos restaurantes mais badalados do Brasil e do mundo
Pura e cristalina. Fresquinha, mata a sede como nenhum outro líquido é capaz. Assim é a água. Comparada às mais ricas commodities, vale tanto quanto petróleo e quanto mais escassa e difícil acesso sua fonte, mais valiosa se torna.
Hoje em dia virou moda e encareceu, conquistando as mesas mais requintadas do planeta a ponto ganhar o sobrenome de gourmet. Nos restaurantes badalados é acompanhamento cativo ao lado do vinho, da champagne e até do cafezinho. Servem tanto para limpar as papilas gustativas quanto como digestivos naturais em pratos mais encorpados como carnes, por exemplo.
Por falar em badalação, há rótulos como a norueguesa Voss, a americana Bling e a francesa Perrier que fazem a cabeça e matam a sede de celebridades como a cantora Madonna, por exemplo.
Nos restaurantes, as águas gourmet de maior sucesso entre chefs e culinaristas são as italianas Pellegrino e Panna, a Pedra Salgada de Portugal e a Fiji, das Ilhas Fiji, na Ásia. “São Lourenço, Caxambu, Cabuquira e Prata são as melhores águas gourmet brasileiras”, afirma Renato Frascino, sommelier de água e técnico sensorial de bebidas.
Segundo Frascino, muita gente não sabe mas a água mineral fica por anos embaixo de pedras, “namorando” minerais e bicarbonato e subtraindo toda a qualidade que um solo aquático tem para oferecer. “Hidrata e é digestiva.”
A história do especialista com o líquido é forte desde seu nascimento— ele nasceu em Bebedouro, cidade paulista com aquífero de alta qualidade. Depois estudou e se especializou em análise sensorial de vinho (DNA da uva), foi professor da escola de sommelier do Senac até que pediram um curso que explicassem a água. “O curso mostrava a harmonização da água com bebidas e comidas e fui pesquisar na Itália.” Frascino diz que com o tempo a água passou a ser componente de proteção de bebidas e comidas. “Um grande vinho pede uma grande água. Quando se toma um vinho leve, acompanhamos com água sem gás. Se vamos tomar um vinho tinto prefiro uma água com gás, que faz papel de um bom sal de frutas”, ensina. “A água desperta a sensibilidade para apreciar melhor o sabor da comida e da bebida. Ela é a verdadeira rainha da alta gastronomia”.
Mas ela também é a base para outras bebidas como cafés, chás e cervejas. “Por mais que as empresas falem que a água não tem interferência, tem sim: numa cerveja por exemplo ela modifica o sabor”.
O especialista conta que há três tipos básicos de água: para praticar esporte, de baixa caloria mineral, ou seja, sem cálcio, magnésio; as gourmets ou gastronômicas e as fashion, que são as queridinhas das estrelas e personalidades. “Há ainda as águas com sabor que apelidei de água para picnic.”, afirma.
Numa recepção, Frascino recomenda a água como o início de tudo. “Uma água normal mineral, com rodelas de frutas cítricas, como limão siciliano, lava a papila e é porta de entrada para um vinho ou um champagne”, garante o sommelier que também recomenda a receita para quem chega do trabalho estressado.
“Dá uma quebrada e uma acalmada no dia em que a alma está brava”, poetiza. Segundo ele, a temperatura ideal para consumir água sem gás é de 10 a 12 graus, sem gelo; e de 8 a 10 graus para as com gás.
A doutora Roseli Rossi, nutricionista da Clínica Equilíbrio Nutricional, garante que para a saúde a água é essencial. “Uma pessoa pode ficar sem comer, mas não sem beber. O ideal é beber entre 1,5 litro a 2 litros por dia”, afirma. Embora defenda que consumir líquido durante as refeições diminui o suco gástrico e atrapalha o processo da digestão, recomenda beber água gourmet em ocasiões especiais. “É bom usar de forma pontual.”
Para quem quer consumir em casa a Grohe, fabricante de metais sanitários, acaba de trazer para o Brasil a torneira de cozinha que filtra e gela água, neutraliza e mesmo “regula” o gosto—um dos modelos até gaseifica a água.
Veículo: Brasil Econômico