Caracterizada por terrenos irregulares e de alta produtividade para viticultura, as terras da região de Caxias do Sul tiveram a maior alta de preço da década no Estado. A valorização no período – de 1.531%, seis vezes maior do que a variação do Estado – foi puxada especialmente pela expansão de vinícolas em municípios como Bento Gonçalves e Garibaldi.
Produtor de uva em Flores da Cunha, Celso Bernardi, 56 anos, nunca imaginou que desembolsaria R$ 120 mil para comprar três hectares de terra no distrito de Otávio Rocha, interior do município, onde nasceu, aprendeu a trabalhar, casou e criou três filhos.
– Paguei esse valor para não perder o negócio, se não outra pessoa compraria para fazer um sítio – conta.
Na nova área, Bernardi irá plantar alho, cebola e milho. O retorno do investimento, com o quilo do alho a R$ 7,06, virá após duas safras cheias de trabalho compartilhado com o filho Leonir, de 23 anos.
Enquanto houver demanda, ou seja, compradores dispostos a pagar caro, a tendência é de que o preço da terra se mantenha em curva ascendente. No entanto, o mercado exige cautela, orienta André Guidotti, chefe da Divisão de Obtenção de Terras do Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra-RS).
– É preciso calcular em quanto tempo a rentabilidade da produção irá pagar o investimento. O endividamento no campo é um fator de preocupação – alerta Guidotti, acrescentando que terras mais valorizadas forçam os produtores a terem um produtividade maior.
Veículo: Zero Hora - RS