Os produtores de vinho nacional, que viram as vendas encolherem de 80% para 20% na última década por causa da desvalorização do dólar, voltam a sorrir. A alta da moeda americana começa a se refletir nos preços da bebida produzida pelos concorrentes estrangeiros nas gôndolas dos supermercados.
"A diferença no preço está pesando para o consumidor", afirmou Márcio Bonilha, diretor nacional de vendas da Miolo, que tem 17% do mercado nacional de vinhos finos. Segundo Bonilha, o novo patamar de preços dos importados já trouxe reflexos nas vendas do fim do ano.
O impacto maior, porém, deve vir a partir deste mês, quando os varejistas começam a repor mercadorias.
"Vamos receber pedaço do bolo dos importados", disse ele. A perda de força dos importados também ajudou a empresa a registrar crescimento de 20% em volume de vendas em 2008.
Segundo Bonilha, com o dólar valendo R$ 1,60, a expansão ficaria entre 10% e 15%. "Diminui o abismo entre o vinho nacional, que paga 52% de imposto, e o importado, cuja tarifa é de 19%", afirmou.
A vinícola Salton estimou adicional de 20% nas vendas com o dólar atual. Segundo o presidente Ângelo Salton, a questão custo-benefício vai falar mais alto para o consumidor.
"O comprador é calculista", disse. Segundo Salton, a alta de aproximadamente 50% na moeda americana colocou seus produtos quase em pé de igualdade com os importados, principalmente chilenos e argentinos.
A diferença de preços caiu de 60% para 30%. "Agora, meu vinho que custa de R$ 10 a 14 concorre com similar importado vendido entre R$ 18 a R$ 20", acrescentou.
O empresário disse que os pedidos de entrega de mercadorias para as festas de fim de ano, normalmente feitos entre os meses de outubro e novembro, foram reforçados ao longo de dezembro.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ