O mau tempo e a debilidade da economia mundial levaram ao declínio das receitas e lucros da Coca-Cola no segundo trimestre, com as vendas em volume mostrando queda ou desaceleração em seus maiores mercados.
A maior fabricante mundial de refrigerantes anunciou queda de 4% no lucro do período, que somou US$ 2,68 bilhões, ou US$ 0,59 por ação, em comparação aos US$ 2,79 bilhões, ou US$ 0,61 por papel, verificados no segundo trimestre de 2012. Excluindo encargos excepcionais, a empresa lucrou US$ 0,63 por ação, dentro do esperado pelos analistas de Wall Street.
A receita caiu 3%, de US$ 13,08 bilhões para US$ 12,75 bilhões. Houve impacto negativo de 2% provocado por variações cambiais e de outros 2% por mudanças estruturais, como a venda de sua unidade de engarrafamento nas Filipinas. Analistas previam receita de US$ 13 bilhões.
O CEO da companhia, Muhtar Kent, disse que a empresa "não ficou satisfeita" com o desempenho. "Foi uma confluência de eventos [...] O efeito do portfólio em nossos negócios globais não funcionou neste caso", disse a analistas em teleconferência ontem, acrescentando que os resultados devem voltar a seguir a tendência de longo prazo nos próximos seis meses.
"A Coca-Cola mostrou resultados fracos diante de um cenário macroeconômico particularmente desafiador e de um clima atipicamente ruim durante o trimestre" afirmou Bonnie Herzog, analista da Wells Fargo. "Acreditamos que as ações da Coca-Cola ficarão sob pressão e serão negociadas em baixa hoje [ontem] até que os investidores ganhem mais confiança na capacidade da gerência de executar um plano estratégico que gere resultados mais fortes durante o segundo semestre."
A empresa atribuiu o baixo consumo que afetou toda indústria de bebidas não alcoólicas à lentidão das economias na Europa, Ásia e América Latina e ao "clima historicamente frio e úmido" em muitas regiões.
As vendas mundiais, em volume, cresceram apenas 1% no trimestre, em comparação ao aumento de 4% registrado no mesmo período de 2012. Na América do Norte e Europa, que em 2012 foram responsáveis por 35% das vendas, houve declínios de 1% e 4% no segundo trimestre.
"Os volumes estão abaixo de nossas expectativas em todas as regiões, com exceção da América do Norte", disse John Faucher, analista do JPMorgan.
Manifestações populares no sul da Europa e no Brasil, assim como a desaceleração da economia na China, mercados que até recentemente apresentavam crescimento sólido, também prejudicaram as vendas, segundo Muhtar Kent.
Nos últimos anos, a Coca-Cola mostrou-se cada vez mais dependente da demanda em países emergentes para compensar a tendência de longo prazo de queda no consumo de bebidas com gás nos Estados Unidos, seu maior mercado.
Os volumes na América Latina cresceram 2% no trimestre, sendo que houve estagnação no Brasil e avanço de 1% no México. A China também mostrou estabilidade nos volumes, enquanto a Índia apresentou elevação de 1%.
"A economia da China vem se desacelerando e isso agora está sendo sentido nos gastos dos consumidores", disse Kent. O CEO, contudo, disse estar "confiante" de que o crescimento das vendas em volume no segundo semestre será melhor no Brasil, México, China, Índia e Rússia.
As ações da Coca-Cola fecharam o pregão da bolsa de Nova York com desvalorização de 1,9%, cotadas a US$ 40,23.
Veículo: Valor Econômico