A Coca-Cola vendeu menos no Brasil entre os meses de julho e setembro, em comparação com o mesmo período de 2012. O volume vendido pela companhia no país caiu 1% no terceiro trimestre, e a queda foi puxada por um ambiente macroeconômico em deterioração no Brasil, informou ontem a The Coca-Cola Company em comunicado sobre o balanço.
Na América Latina, os volumes ficaram estáveis, e no mundo, cresceram 2%. E o faturamento global da Coca-Cola também caiu no período: recuo de 2,5%, para US$ 12,03 bilhões.
"Não somos imunes aos impactos de eventos macroeconômicos, mas nossa estratégia de longo prazo permanece intacta", disse no comunicado o presidente mundial da Coca-Cola, Muhtar Kent. "Em parceria com nossas engarrafadoras, estamos investindo em nossas marcas e nossa capacidade de fortalecer o sistema de entregas."
Além da economia mais fraca, a redução dos volumes vendidos no Brasil também se deu porque a companhia deixou de consolidar a engarrafadora brasileira Solar em seu balanço.
Por outro lado, foi exatamente essa mudança nas operações de engarrafamento que permitiu à Coca-Cola elevar o lucro líquido no terceiro trimestre em comparação com 2012. A última linha do balanço cresceu 5,9% no período, para US$ 2,45 bilhões.
O grupo americano só conseguiu lucrar mais, em comparação com os mesmos meses do ano passado, porque registrou ganho de US$ 615 milhões com a venda de participações em engarrafadoras brasileiras.
As engarrafadoras franqueadas Norsa, Renosa e Guararapes fundiram suas operações e negociaram a permanência da Coca-Cola no capital da nova empresa, a Solar, com participação de 44%. Como o negócio foi efetivado entre julho e setembro, a fabricante americana contabilizou um ganho não recorrente de US$ 658 milhões - a maior parte causada pela transação envolvendo a nova empresa.
O controle da Solar é dividido entre o grupo Jereissati e a família Mello. A fabricante americana de bebidas deixou de ser dona de parte dos negócios - 100% da Guararapes e 60% da Norsa pertenciam à companhia - e a partir de agora esse resultado aparece no balanço sob o método contábil de equivalência patrimonial.
Com esse reforço, a Coca-Cola fechou o trimestre com lucro de US$ 2,45 bilhões, alta de 5,9% em igual comparação. Sem considerar o ganho com as mudanças societárias, a última linha do balanço recuaria 21%, para US$ 1,83 bilhão.
Procurada, a Coca-Cola informou que a Solar é uma empresa de capital fechado e os detalhes financeiros da transação são considerados confidenciais.
A empresa informou também que deixou de ser dona da operação de engarrafamento nas Filipinas. A venda de participação nos dois países reduziu em quase 4% o faturamento total da companhia.
As mudanças no Brasil e nas Filipinas vão cortar a receita da multinacional em 3% neste ano e "terão impacto estrutural de 1% sobre o lucro operacional de 2013, queda compensada por uma melhoria relacionada à equivalência patrimonial", diz o comunicado. "Para o terceiro trimestre, o resultado de equivalência patrimonial veio menor do que no mesmo trimestre do ano anterior, devido às condições macroeconômicas desafiadoras em curso em todo o mundo."
As ações encerraram o pregão de ontem da Nyse, bolsa de Nova York, em queda de 0,66%, negociados a US$ 37,66. Durante a manhã, no entanto, os ativos chegaram a registrar avanço de 2,6%, já que o lucro por ação da empresa superou as estimativas de Wall Street.
Veículo: Valor Econômico