As vendas da cervejaria holandesa Heineken no Brasil acentuaram queda no terceiro trimestre. Depois de recuarem cerca de 5% na primeira metade do ano, os volumes comercializados no país diminuíram "um dígito alto" (perto de 10%) entre julho e setembro.
A performance da companhia foi inferior à do setor no período, o que indica que a Heineken está perdendo fatia de mercado para concorrentes no Brasil.
Segundo o Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), o volume de cerveja produzido no país no terceiro trimestre caiu 2,4%, em um ano em que toda a indústria tem sentido dificuldade de expandir volumes.
As vendas do rótulo Heineken continuaram sólidas no Brasil, mas não o suficiente para compensar o desempenho mais fraco das marcas "mainstream" (preços intermediários) da companhia, como Kaiser, Bavaria e Sol.
Em teleconferência com analistas e investidores ontem, o presidente global da Heineken, Jean-François van Boxmeer, disse que houve "continuidade nas fracas condições do mercado de cerveja no país" e que isso pesou largamente no desempenho da companhia nas Américas, onde o volume recuou 3,6% e a receita 3,4%, para € 1,16 bilhão.
"As incertezas econômicas no país levaram a menores gastos de consumidores no período, com menores vendas de quase todo o portfólio", comentou a Heineken em seu relatório de desempenho.
Questionado por um analista sobre os impactos do recente movimento de consolidação das engarrafadoras de Coca-Cola no país - a Heineken é sócia da Femsa -, o executivo disse apenas que "o mercado tende a ficar menos complexo" e que a Heineken tem uma "visão positiva" em relação a isso.
A companhia reportou ontem queda de 15% no lucro global do terceiro trimestre, para € 483 milhões em relação a um ano antes. A receita líquida total ficou em € 5,18 bilhões, alta 4,1% na comparação anual.
A performance mais fraca não foi uma particularidade do Brasil. As más condições por toda a Europa continuam desafiando a Heineken e a empresa pretende intensificar esforços para cortar custos na região, segundo o executivo.
A única região que sustentou a alta trimestral na receita foi a que engloba Ásia e Pacífico, onde as vendas aumentaram 533,3%, para € 494 milhões. Em todos os outros mercados houve queda nas vendas, com destaque para o recuo de 9% na Europa Ocidental, para € 895 milhões.
O desempenho abaixo do esperado no terceiro trimestre fez a empresa reduzir suas estimativas para 2013. Agora, a Heineken aguarda queda de até 5% no seu lucro. Anteriormente, a projeção da companhia era de estabilidade no ganho anual frente a 2012.
Só o câmbio, segundo a Heineken, será responsável por perdas de cerca € 40 milhões no resultado de 2013. A demora na recuperação dos volumes vendidos em mercados emergentes - como o Brasil - e na Europa Ocidental também deve prejudicar os resultados finais da cervejaria no mundo.
Veículo: Valor Econômico