Anunciada em abril, a fusão entre a britânica Gerber Emig e a holandesa Refresco acaba de ser concluída, num movimento que concentrará ainda mais a demanda por suco brasileiro no exterior. Conforme informações divulgadas ontem, os acionistas da Refresco terão participação de 72,5% na nova empresa e os da Gerber Emig terão os 27,5% restantes.
A Refresco Gerber nasce como a maior envasadora europeia de sucos de frutas e bebidas não alcoólicas em geral e deverá absorver boa parte das exportações totais de suco de laranja do Brasil, que domina o mercado global da commodity.A Gerber Emig contava com cinco unidades industriais no norte da Europa e 1,7 mil funcionários, e gerou receitas de € 801 milhões em 2012. A receita líquida da Refresco foi de € 1,5 bilhão no ano passado.
No Brasil, as grandes indústrias de suco calculam que suas vendas para a nova Refresco Berger alcançarão cerca de 150 mil toneladas por ano, ou mais de 10% do total. E a crescente concentração preocupa.O estudo "Análise de uma Década na Cadeia da Laranja, organizado por Marcos Fava Neves, professor titular da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) em Ribeirão Preto, lembra que os envasadores são quem compram o suco de laranja brasileiro e usam a matéria-prima como base para a fabricação de suas bebidas, com diferentes misturas e marcas.
No início desta década, os dez maiores envasadores que compravam suco de laranja brasileiro no mercado internacional respondiam por 52% das exportações totais do país. Estima-se que 98% da produção brasileira de suco de laranja sejam exportadas, ou concentrada e congelada ou já pronta para beber.
Veículo: Valor Econômico