As altas temperaturas registradas entre janeiro e fevereiro deste ano renovaram o otimismo de alguns fabricantes de cerveja, como o Grupo Petrópolis, a Bamberg e a Karavelle, que já apostam em um aumento da produção, após um 2013 difícil para o segmento, com retração de 2% no volume, de acordo com dados do Sistema de Controle da Produção de Bebidas (Sicobe). Para crescer, as marcas apostam em diversas estratégias. A Copa do Mundo deve ser a maior aliada da Petrópolis, dona das marcas Itaipava e Crystal, e da Bamberg, enquanto a abertura de bares próprios, com produção local, deve ajudar os negócios da Karavelle.
Em janeiro deste ano, o Grupo Petrópolis registrou um aumento de 15% nas vendas de cerveja em comparação com o mesmo mês de 2013. "Crescemos quase 2% no ano passado. Agora, queremos elevar em 10% as vendas com abertura da nova fábrica e a Copa", explica o diretor de mercado do Grupo Petrópolis, Douglas Costa, em entrevista ao DCI.
A expansão observada no primeiro mês do ano contrasta com o número geral do mercado, que amargou uma nova queda de 2,5% na produção ante o mesmo período do ano anterior. Para a CervBrasil, entidade que reúne as quatro maiores fabricantes do País, essa retração pode ser explicada pela mudança de data do carnaval este ano, que ocorre em março, concentrando níveis maiores de produção durante o mês de fevereiro. Já em 2013 essa demanda ocorreu em janeiro.
Otimista, o Grupo Petrópolis já projeta um aumento de 30% no volume de produção neste ano, que deve chegar a 2.5 bilhões de litros ante 1.9 bilhão de litros em 2013. "A inauguração da unidade de Itapissuma [PE] e o pleno funcionamento da fábrica de Alagoinhas [BA] aumentarão os nossos volumes", acrescenta.
Para Costa, a Copa do Mundo também deve diminuir a questão da sazonalidade durante junho e julho. "Dependemos da questão climática, mas o evento acabará movimentando o consumo, principalmente, o consumo em casa", ressalta. Ainda de acordo com Costa, as vendas podem crescer entre 15% e 20% na Copa.
Outra empresa que aposta no evento esportivo é a Bamberg, micro cervejaria de Votorantim (SP). Após crescer 15% em 2013, abaixo dos 30% registrados nos últimos anos, a marca projeta alta de 25% na produção deste ano.
"As vendas para o consumidor final devem crescer, o que elevará os negócios da Bamberg Express, serviço de entrega de chope que oferecemos aos nossos clientes", diz o proprietário da Bamberg, Alexandre Bazzo. Segundo ele, o serviço já representa 35% das vendas anuais da empresa. "O maior aumento da demanda na Copa virá desses consumidores. Eles têm entre 30 e 40 anos e por conta da violência e da Lei Seca preferem organizar os amigos em casa para tomar cerveja", afirma.
Em 2013, a empresa produziu 50 mil litros da bebida por mês. Já neste ano, o volume pode chegar a 70 mil litros. O aumento, porém, está vinculado à aquisição de seis novos tanques de produção, visto que o nível de atividade segue no limite. "Poderíamos ter crescido mais em 2013, mas faltou espaço para comprar mais tanques", diz.
Bares
Apesar do otimismo gerado pela Copa do Mundo, a Karavelle, com sede em Indaiatuba (SP), aposta em outras estratégias para seguir crescendo. Uma delas consiste na abertura de três bares próprios até o final deste ano, sendo um no interior de São Paulo, um no Rio de Janeiro e outro em Belo Horizonte. A estratégia segue na contramão da aposta de crescimento do consumo no lar. "Essa é a demanda atual. Os clientes querem algo diferenciado, por isso, as cervejas vendidas nos nossos bares são produzidas no próprio local", explica o diretor e sócio da Karavelle, Otávio Veiga.
A marca pretende dobrar a produção neste ano, passando de 200 mil litros para 400 mil litros. Segundo Veiga, o crescimento da empresa ocorre em função da procura do público por cervejas artesanais. Outra aposta da companhia é a Região Sul, mais adaptada ao consumo desses produtos. "Para ter preços mais competitivos, estudamos montar uma unidade no Paraná, para cortar os custos com transporte, além da questão tributária", conclui.
Veículo: DCI