Nova alta na tributação irrita fabricantes, que ameaçam alta de 5% a 10%
Cervejeiros que bebem Brahma, Skol, Antárctica, Bohemia ou Original não precisam se preocupar com o aumento de até 2,25% nos tributos sobre bebidas frias, anunciado pelo governo federal na terça-feira e publicado ontem no Diário Oficial da União (DOU). De acordo com Marcelo Abud, diretor comercial da Ambev em Minas, a indústria mantém o compromisso firmado com o consumidor de não reajustar os preços das bebidas até o final da Copa do Mundo em todo o Brasil. Esse é o segundo aumento anunciado pelo governo em menos de dois meses. " Vamos manter a estratégia anunciada em abril e congelar o preço das cervejas da Ambev até o fim do Mundial em todo o país. Desde novembro do ano passado a bebida não tem reajuste e não pretendemos onerar o consumidor durante esse momento festivo no país", explica Abud.
Segundo a Ambev, permanecerão sem aumento as cervejas do grupo vendidas nas embalagens retornáveis e descartáveis, 300 ml, 600 ml e 1 litro. "Já começamos a campanha de conscientização nos postos de venda. Estamos entregando cartazes e materiais explicativos para os donos de comércio e temos convicção, por experiência durante ação semelhante no verão, de que o consumidor terá um benefício real", conta.
O aumento nos tributos foi anunciado na terça-feira pelo secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, pouco mais de um mês depois de o governo ter feito um reajuste na tributação desses mesmos produtos, de 0,4% em média. A nova alta entra em vigor em 1º de junho e a expectativa é que o aumento dos preços ao consumidor, quando chegar, seja de 1,3%.
Com esse reajuste, o governo espera obter uma arrecadação extra de R$ 1,5 bilhão entre junho e dezembro deste ano. Segundo o secretário, a mudança das tabelas de tributação desses produtos busca restabelecer o equilíbrio entre os tributos e os preços de mercado. Barreto destacou que a defasagem era acentuada e que a última revisão das tabelas ocorreu há dois anos. Entre maio de 2012 e fevereiro de 2014, os preços da cerveja subiram 23% e dos refrigerantes, 19,2%.
Além de não aumentar os preços, a Ambev confirma que os descontos do programa de sócio-torcedor serão mantidos. "Seguimos com promoções exclusivas dos sócios, mas também pretendemos lançar outras, para o consumidor em geral, nos mesmos moldes."
Sobre um aumento após o Mundial, Abud diz que ainda não há nada programado. "Nosso planejamento vai apenas até a Copa. Ao final do Mundial pode ser que haja reajuste, mas não sabemos data ou porcentagem", conclui. Abud diz ainda que a indústria está preparada, operacionalmente, para atender a demanda que surgirá com o preço congelado. "Já vínhamos trabalhando com o congelamento dos preços desde abril, então, no setor operacional, nada mudou", diz.
REPÚDIO Na contramão da Ambev, os fabricantes de cerveja filiados à Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (Cervbrasil) reagiram mal ao anúncio de novo aumento de impostos e ameaçaram reajustar seus produtos de 5% a 10%. Em nota, a Cervbrasil se queixou da falta de diálogo com o governo. "Os aumentos seguidos de tributos federais comprometeram o crescimento do setor, que vem registrando estagnação nos últimos três anos", diz a nota.
Veículo: Estado de Minas