Por Marina Falcão | De São Paulo

As vendas de cerveja na primeira semana de Copa do Mundo surpreenderam positivamente as já altas expectativas das redes Walmart e Grupo Pão de Açúcar (GPA). José Roberto Tambasco, presidente do multivarejo do GPA, estima que o faturamento da categoria cresceu entre 40% e 50% durante o período, na comparação anual. "A gente já esperava, se preparou. Ainda assim as vendas estão melhores que o esperado", disse.

Nas vésperas e dias dos dois jogos do Brasil, as vendas da bebida mais que dobraram nas lojas do Walmart, em relação a um ano antes, informou César Cinelli, vice-presidente comercial da empresa no Brasil.

Com isso, a previsão inicial de crescimento das vendas de cerveja da rede - que era de 25% para junho - passou para cerca de 40%.

A performance é considerada bastante forte por ambos executivos principalmente porque ocorre sobre uma base de comparação elevada. No ano passado, na mesma época, ocorria a Copa das Confederações no Brasil, período em que a vendas de cerveja no Walmart subiu 25% sobre 2012.

Acompanhando um movimento da indústria, nem o Walmart nem o GPA aumentaram os preços da cerveja, o que tem contribuído para os grandes volumes de venda do produto no torneio. O frio ameno, na maior parte do mês, também está ajudando.

As fabricantes não têm tido dificuldades de atender a demanda do varejo. Estimulada pelo Mundial, a produção de cerveja cresceu 16,2% em maio em relação ao mesmo período de 2013, segundo o Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal.

No entanto, produtos com embalagens alusivas à competição - principalmente dos patrocinadores oficiais do evento, segundo Cinelli - somem das prateleiras em pouco tempo. "A gente repõe e acaba em dois dias", disse Cinelli.

Para o executivo, a cerveja com embalagem da Copa se transformou em um 'souvenir'. "Isto está trazendo uma venda adicional. Ninguém esperava que tantos brasileiros fossem pagar mais caro por um produto que tem o mesmo conteúdo do tradicional, mas com um rótulo mais bonito".

Segundo Cinelli, o Walmart se preparou para a Copa do Mundo no Brasil com base na sua experiência na Copa da África do Sul. "Sabíamos que seria um evento familiar, em que muita gente iria optar por beber em casa".

Para Tambasco, do GPA, o horário dos jogos do Brasil tem ajudado às vendas. "As empresas acabam liberando seus funcionários logo o almoço. Sobra tempo para passar no supermercado antes".

De acordo com o executivo do GPA, as vendas de cerveja podem desacelerar caso o Brasil não vá muito longe na competição. "Será que o torcedor assistiria aos outros jogos com a mesma animação?"

Ele diz que o GPA fez estoques altos de cerveja para esta fase inicial da Copa, mas que não há risco de ficar com produto encalhado. "Temos abastecimento diário e flexibilidade para ajustar os estoques."



Veículo: Valor Econômico