Favorecida por Copa, Ambev aumenta receita para R$ 8 bi

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A Ambev divulgou ontem os resultados do segundo trimestre. A maior fabricante de cerveja do país registrou aumento no lucro e na receita, mas abaixo do esperado por analistas. Como resultado, as ações caíram 4,45% BM&FBovespa, para R$ 15,67 - a maior queda para a companhia desde abril. Agora, com um cenário de expansão mais fraca do mercado de cerveja, a Ambev terá que se desdobrar para manter a rentabilidade.

No segundo trimestre, o lucro líquido ajustado da Ambev aumentou 16% em relação ao mesmo intervalo de 2013, para R$ 2,22 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), cresceu 5,4%, para R$ 3,33 bilhões - variação bem inferior à média das projeções de Goldman Sachs, Santander, BTG Pactual, Citi Research e Votorantim Corretora, que previam alta de 11,6%.

A receita líquida avançou 9,2%, para R$ 8,18 bilhões, graças a um aumento de 5,4% no volume de vendas, para 39,9 milhões de hectolitros. Desse total, 1,4 milhão de hectolitros referem-se à vendas de cerveja para a Copa do Mundo. Nelson Jamel, vice-presidente financeiro e de relações com investidores, disse que 80% desse volume foi vendido no segundo trimestre. "Devemos apresentar uma venda residual no terceiro trimestre, mas pode-se dizer que esse volume incremental ficou para trás", disse.

A Ambev adotou como estratégia para ganhar mercado durante a Copa uma política de manutenção de preços. Ao mesmo tempo, a companhia fez um trabalho intenso de promoção de suas marcas, o que resultou em um aumento de 14% nos custos, para R$ 3,04 bilhões. No período, a Ambev elevou sua participação de mercado no Brasil em 0,9 ponto percentual, para 68,4%. As vendas de cerveja no Brasil cresceram 11,2%, mas o custo de vendas aumentou 21% e o custo de venda por hectolitro avançou 13%, causando uma redução na margem Ebitda de 1,6 ponto percentual, para 40,7%.

Para o terceiro trimestre, já sem o efeito adicional de vendas relacionadas à Copa, a perspectiva é de um crescimento mais fraco de todo o mercado de cervejas. Ainda assim, segundo Jamel, a Ambev mantém a sua projeção de crescimento em receita para o ano de "um dígito alto ou dois dígitos baixos". O executivo observou que o aumento de custos com embalagens e distribuição registrado no segundo trimestre em função das promoções para a Copa não deve se repetir no terceiro e quarto trimestres. Os analistas do Citi Research, Alexander Robarts, Sergio Matsumoto e Marcelo Inoue, afirmaram em relatório que "é necessária uma redução significativa dos custos e despesas administrativas para manter as margens estáveis no segundo semestre".

Jamel disse que a Ambev vai trabalhar para reduzir custos e proteger as margens de lucro. O executivo disse ainda que, se não houver mudanças na carga tributária, a Ambev não fará aumento real nos preços da cerveja. Jamel afirmou que, de dezembro de 2013 a junho deste ano, os preços da cerveja subiram 3%, abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O executivo observou que a renda das famílias no país está estável, o que dificulta aumento real de preços. A chegada do verão, contudo, ajudará a impulsionar as vendas na segunda metade do ano. A Ambev informou ainda que continua olhando oportunidades de fusões e aquisições, particularmente na região da América Central.



Veículo: Valor Econômico


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