Cobrança de impostos como IPI, Pis e Cofins causaram a alta, que já supera 2008 inteiro
O preço da cerveja já subiu mais em janeiro do que em todo o ano passado. De acordo com o Índice de Custo de Vida (ICV) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 2008 inteiro, o preço médio da cerveja subiu 1,81%, mas em janeiro, a alta foi de 2,19% em relação a dezembro. O motivo é a mudança da tributação: IPI, PIS e Cofins passaram, em janeiro, a incidir sobre o preço final da bebida, o que significa que quem fabrica cervejas mais caras paga mais. A medida aumentou 15% o valor pago, afirma o superintendente do Sindicato nacional da Indústria da Cerveja (Sindcerv), Ênio Rodrigues.
“A disputa é acirrada. No ano passado as cervejarias médias investiram pesado em marketing e isso conteve os preços ”, afirma. “Mas a indústria começou o ano pressionada pelo IPI e pela alta do dólar. Todos estão tentando segurar ao máximo os repasses, mas uma hora eles terão de ser feitos”, diz. O Sindcerv tem, entre seus associados, os dois maiores fabricantes do Brasil, Ambev e Femsa. A associação Brasileira de bebidas (Abrabe), da qual fazem parte fabricantes de marcas mais populares, como Schincariol e Petrópolis, não se manifestou.
No varejo, no entanto, o aumento dos preços já pode ser sentido. Segundo o vice-presidente de comunicação da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Martinho Paiva Moreira, parte da alta já foi repassada e até a segunda quinzena de fevereiro o preço ainda deve subir.
“Não podemos deixar de repassar o IPI. Ele incide sobre a indústria. Para nós, é mais um custo”, afirma. Varejistas com maior poder econômico e de armazenamento, acrescenta ele, podem ter preços menores no carnaval. “Quem consegue, já está estocando com preço mais baixo”.
Os dados de consumo de cerveja no Brasil em 2008 não foram fechados pelo Sindcerv, mas devem ser próximos aos 10,34 bilhões de litros consumidos em 2007. Pesquisa da consultoria AC Nielsen mostra o aumento de 5% nas vendas: Segundo a coordenadora de pesquisas Ana Carolina Franceschi, a alta se deve às alternativas de marketing criadas pelas cervejarias. “O latão de 455 ml e os pacotes de 18 latas, são mais caros, têm melhor custo-benefício para o consumidor”, diz.
Veículo: Jornal da Tarde - SP