Encerrando o relato de minha visita ao Chile e ao vale de Maipo, chegamos à Santa Rita e à Viña Carmem. Estas duas tradicionais empresas pertencem ao grupo Claro, terceiro maior grupo vinícola do Chile, detentor também das vinícolas Terra Andina, Doña Paula (Argentina) e parte da Los Vascos. A visita foi à Santa Rita, onde provei também toda a linha da Carmem.
Ambas são vinícolas tradicionais, a primeira fundada em 1880 e a segunda em 1850, com produção de respectivamente 40 milhões de litros e 1 milhão de litros de vinho ao ano. A Santa Rita, comandada pela respeitadíssima enóloga Cecília Torres, faz um de meus vinhos chilenos prediletos, o Casa Real Cabernet Sauvignon, que não decepcionou. Vejamos os destaques da prova: Reserve Petite Sirah 2005, Winemakers Reserve Red 2005, Gold Reserve Cabernet Sauvignon 2005, Triple C Maipo 2005, Casa Real Cabernet Sauvignon 2002 e Casa Real Cabernet Sauvignon 2005.
Depois de visitar alguns gigantes, fui para uma vinícola pequena, mas de enorme prestígio. Com apenas um vinho, 16 hectares e produção de 13.500 litros, o Viñedo Chadwick é um dos grandes nomes do Chile. Fundada em 1999, a empresa é parte da vinícola Errazuriz e fica em Puente Alto, um terroir dos mais valorizados do país, lado a lado com outro grande nome, o Almaviva. O pequeno vinhedo, um antigo campo de polo, pertenceu a um famoso empresário e jogador do esporte - Alfonso Chadwick Errazuriz. Foi provado um único: Viñedo Chadwick 2004.
No Chile, a Valdivieso é muito conhecida por seus espumantes, já que detém 60% do mercado nacional das borbulhas (que respondem por 90% de suas vendas locais). Nas exportações é o oposto. Os tintos e brancos respondem por 90% das 6,6 milhões de garrafas que a Valdivieso exporta. Fundada em 1993, a empresa possui 140 hectares próprios e produz nove milhões de litros de vinho ao ano.
O top da casa - e um dos melhores vinhos do Chile - é o Caballo Loco. Para nossa sorte, o Brasil é o melhor mercado deste vinho. O Caballo Loco é um vinho peculiar, um "Bordeaux Solera", como define a própria empresa. Elaborado com uvas de vários vales (Maipo, Apalta, Lotué e Colchagua), seu blend leva Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec e Carménère, e a cada ano novas castas podem ser acrescentadas. O Caballo Loco é uma mistura de safras, feita por um sistema chamado "solera". O "Caballo Loco número 1" foi feito na época com 50% da safra de 1995 e uma mistura de vinhos reserva que remontavam à safra de 1990. Desde então, a cada ano o novo Caballo Loco (estamos no número 10) é feito com 50% da safra atual misturada a 50% do número anterior (que por sua vez contém um pouco de todos os anteriores). Tive o privilégio de provar uma vertical deste grande vinho, vejamos o resultado: Caballo Loco 7, Caballo Loco 8, Caballo Loco 9 e Caballo Loco 10.
Veículo: Gazeta Mercantil