PepsiCo estuda quanto polui um copo de suco de laranja na mesa

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Quanto o copo de laranja que você toma no café da manhã contribui para o aquecimento global? A PepsiCo, proprietária da marca de sucos Tropicana, resolveu tentar responder esta questão. A empresa contratou especialistas para a realização de cálculos matemáticos, mensurando as emissões decorrentes de tarefas que envolvem grande consumo energético, como o funcionamento de uma fábrica e o transporte de pesadas caixas de suco de laranja.

 

Os resultados, no entanto, mostraram que as maiores fontes de emissão eram as próprias plantações de laranja. Elas consomem grandes quantidades de fertilizantes à base de nitrogênio, que requer o uso de gás natural na sua fabricação, podendo se tornar um potente gás de efeito estufa quando pulverizado sobre os pomares.

 

A PepsiCo chegou a um número: o equivalente a 3,75 libras (1,7 kg) de dióxido de carbono é lançado na atmosfera para cada embalagem com meio galão (aproximadamente dois litros) de suco de laranja. Todavia, a companhia ainda não sabe como vai usar esta informação. A empresa deve mencionar este número em suas campanhas de marketing? E os consumidores saberiam o que fazer com este dado?

 

"O principal objetivo é nos ajudar a identificar a participação do carbono na cadeia de produção", justificou Neil Campbell, presidente da Tropicana North America, divisão da PepsiCo. "Embora saibamos que os métodos para a emissão de gases do efeito estufa ainda estejam longe da perfeição, não podemos permitir que isto nos impeça de agir", disse Campbell.

 

A Pepsico faz parte de um grupo crescente de empresas que desejam se antecipar às resoluções governamentais e reduzir seus gastos de energia uma vez que o futuro dos preços parece cada vez mais incerto. As empresas também querem promover produtos de baixa emissão de carbono para agradar consumidores cada vez mais preocupados com o aquecimento global. Alguns rótulos com este tipo de informação já existem na Europa.

 

A lista das empresas que já tomaram medidas para reduzir as emissões de carbono incluem IBM, Nike, Coca-Cola e a companhia de petróleo BP. A Dell, Yahoo e Google estão entre as companhias que prometeram neutralizar as emissões.

 

A PepsiCo é uma das primeiras a informar os consumidores um número absoluto para a emissão de carbono atrelada a fabricação de um determinado produto, o que pode virar uma tendência. A informação será divulgada no site da Tropicana. A companhia ainda não decidiu se este dado aparecerá também nas embalagens de suco.

 

Enquanto os esforços para a redução de carbono são normalmente aplaudidas pelos ambientalistas, alguns se queixaram que os cálculos são confusos e os números dúbios. Há padrões para determinar as origens da emissão de carbono, mas as empresas podem aplicá-los de diferentes maneiras. Elas podem decidir o grau de rigor das análises ao longo da cadeia de produção e quais fontes de dados querem utilizar para a contagem da emissão de gases do efeito estufa.

 

"O tempo todo as pessoas estão procurando reduzir as emissões de carbono direta ou indiretamente, muitos vêem estes esforços como algo importante e legítimo", afirmou Michael Gillenwater, administrador do Greenhouse Gas Management Institute, uma organização sem fins lucrativos que dá aulas sobre gerenciamento e contabilidade relacionados aos gases do efeito estufa. "O perigo é quando você tenta usar este tipo de rótulo para comparar um produto com outro ou para mostrar que suas ações não têm impacto sobre o clima."

 

A Tropicana contratou um auditor de fora, a Carbon Trust, para rever seus cálculos e certificar seus números.

 

O processo de produção do suco de laranja é relativamente simples: as laranjas são colhidas manualmente, transportadas até a fábrica em caminhões, espremidas e pasteurizadas. Em seguida, o suco é embalado e distribuído por trem para as diferentes regiões.

 

As plantações propriamente ditas responderam pela maior parte de emissão de carbono - cerca de um terço do total emitido ao longo de toda a cadeia produtiva -, mais do que a PepsiCo estimava, sobretudo devido ao uso de fertilizantes.

 

Agora, a empresa disse que planeja trabalhar com pesquisadores da Universidade da Flórida para descobrir formas de cultivo da laranja que emitam menos gases nocivos, além de buscar uma maneira de ensinar a população como interpretar as taxas de carbono de um produto.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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