Empresa fez parceria com alambique de Pitangui para produção da aguardente que tem o mesmo nome dos cigarros
Se o mercado de cervejas artesanais não para de crescer no Brasil, o da bebida mais identificada com o país, a cachaça, não é diferente. Elevada ao patamar de patrimônio nacional, a aguardente de cana é também patrimônio cultural de Minas Gerais. Com o consumo em nível crescente no exterior e entre o público feminino, a bebida popular ganhou status e versões sofisticadas. Essa mudança de perfil atrai novos investidores. Conforme dados do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), existem cerca de 40 mil produtores no Brasil, gerando 600 mil empregos diretos e indiretos.
Atenta a esse mercado, a tradicional fabricante de cigarros de palha Souza Paiol, instalada há 16 anos em Pitangui, na região Centro-Oeste do Estado, lança marca própria de cachaça artesanal nas versões prata e ouro. De acordo com o proprietário da Souza Paiol, Haroldo Vasconcelos, o investimento no novo segmento foi de R$ 1,2 milhão em pesquisa, mão e obra e divulgação.
"Era um sonho antigo lançar a cachaça. Percebemos que tínhamos pronta uma estrutura que podia ser aproveitada, com representantes, pontos de venda e até os consumidores do nosso cigarro, que têm perfis bastante parecidos. Precisávamos encontrar um produto que tivesse as características que precisávamos em termos de qualidade e capacidade de produção", explica Vasconcelos.
A oportunidade veio através de uma parceria com um alambique da cidade. A produção inicial é de 120 mil litros mensais, e a expectativa é que em dois anos a produção alcance a marca de 300 mil litros por mês. "Buscamos uma empresa que fosse capaz de oferecer todas as qualidades técnicas que procurávamos. Toda a produção é feita por ela e nós damos o nome. Era um produto que eles já tinham desenvolvido e que aprovamos. No futuro, queremos, em parceria com o Sebrae, adaptar outros 15 alambiques da cidade para que eles também produzam a nossa cachaça", afirma o empresário.
A cachaça será encontrada, em um primeiro momento, em lojas de conveniência especializadas em bebidas e varejo de Brasília, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso, além de Minas Gerais. Comerciantes interessados podem buscar informações no site da empresa ou com os representantes espalhados pelo Brasil. O preço sugerido é de R$ 35 para a versão prata e R$ 45 para a ouro.
Na mira de Vasconcelos já está o mercado internacional, começando pelos Estados Unidos. "Todo estrangeiro que vem ao Brasil se apaixona pela cachaça e, principalmente, pela caipirinha. A Souza Paiol tem um sabor muito propício a agradar esse público e às mulheres. Ela não é para descer queimando, mas sim para deixar um sabor agradável", destaca.
Cenário - Em 2014, a empresa, que é especializada no ramo da tabacaria, cresceu 6% em faturamento. A expectativa para 2015 é de incremento de 10%. "Com o lançamento da cachaça esperamos diversificar nosso público e crescer. Nosso objetivo maior é, em cinco anos, colocar Pitangui em condições de competir com Salinas (município do Norte de Minas conhecido pela quantidade e qualidade da cachaça produzida). Temos que pensar grande. Só cresce quem tem ousadia. Pitangui já é conhecida pelo cigarro e será também pela cachaça", decreta.
Veículo: Diário do Comércio - MG