Heineken e Carlsberg anunciaram ontem que seus resultados foram afetados de formas totalmente opostas pela aquisição conjunta da cervejaria britânica Scottish & Newcastle (S&N) em 2008. Ambas alertaram, no entanto, que terão de promover mais cortes de custos para enfrentar a recessão econômica, que vem afastando as pessoas dos pubs.
A Heineken viu o lucro líquido despencar em 2008, prejudicado por custos de financiamento, enquanto o da rival dinamarquesa avançou desde que as duas pagaram 7,8 bilhões de libras esterlinas (US$ 11 bilhões) pela cervejaria do Reino Unido. A Heineken ficou basicamente com as operações da S&N na Grã-Bretanha, enquanto a Carlsberg levou os ativos na Rússia e França.
Ontem, no entanto, a Heineken insistiu que não se arrepende de ter adquirido as atividades da S&N em países da Europa Ocidental, mais saturados.
A cervejaria holandesa anunciou queda de 74% no lucro líquido em 2008, para 209 milhões de euros, o que representa 0,43 euros por ação, e aumento de 27% na receita, para 14,3 bilhões de euros.
"Não há motivos para arrependimento. A S&N deu-nos acesso a bons mercados de cerveja, onde temos posições de liderança, sendo a número um ou número dois", afirmou o executivo-chefe da Heineken, Jean-François van Boxmeer. "Seres humanos e marcas de cerveja sobrevivem a recessões."
Em contraste, as vendas e lucros da Carlsberg dispararam no ano passado. Os números foram impulsionados pela aquisição da participação da S&N na Baltic Beverage Holdings (BBH), maior cervejaria da Rússia, na qual a Carlsberg já era parceira.
O lucro líquido da empresa dinamarquesa mais do que triplicou no quarto trimestre, para 124 milhões de coroas dinamarquesas, enquanto as vendas cresceram mais de 30%, somando 14,5 bilhões de coroas (US$ 2,4 bilhões). A cervejaria anunciou que reduzirá os dividendos para 3,75 coroas e elevou a meta de lucro líquido neste ano para mais de 3,5 bilhões de coroas. A expectativa é de estabilidade nas vendas.
A receita e lucro operacional da empresa no Leste Europeu quase dobraram em 2008, depois de a Carlsberg assumir controle integral da BBH, mesmo com o declínio da demanda na Rússia e a desvalorização do rublo russo.
O executivo-chefe da companhia, Jorgen Buhl Rasmussen, disse que o forte declínio no crescimento econômico do Leste Europeu representa um desafio de curto prazo para a Carlsberg, mas que continua confiante na capacidade da BBH para continuar ampliando sua participação de mercado.
A Heineken, terceira maior fabricante de cerveja na Rússia, mostrou-se um pouco mais pessimista, assumindo encargos por fundo de comércio de 275 milhões de euros em suas operações na região. O forte declínio no seu lucro líquido mascarou o sólido desempenho anterior à aquisição. Os custos de financiamento para adquirir a S&N, que a tornaram a maior cervejaria do Reino Unido, superaram os ganhos com os novos negócios.
A Heineken anunciou também novo programa de redução de custos para encolher o endividamento líquido de 8,9 bilhões de euros.
Veículo: Valor Econômico