O grupo mexicano Femsa, fabricante das cervejas Kaiser, Sol, Bavaria, entre outras no Brasil, fechou o quarto trimestre do ano passado com queda de 3,5% no volume vendido, para 3,14 milhões de hectolitros. Segundo comunicado da empresa, esse resultado se deu em virtude de um reajuste de preços feito no final do terceiro trimestre, realizado antes da concorrência, e das condições climáticas desfavoráveis do período.
Apesar da queda no trimestre, a companhia mexicana fechou o ano com alta de 3,9% na produção, para 10,18 milhões de hectolitros. O resultado supera a previsão de crescimento do setor. De acordo com Ênio Rodrigues, superintendente do Sindicato nacional da Indústria de Cerveja (Sindicerv), a produção do setor ficou estabilizada em 2008, em 10,3 bilhões de litros. Mesmo com a queda da Femsa no último trimestre do ano, Rodrigues acredita que o setor - que aguarda os resultados da Companhia de Bebidas das Américas (AmBev), detentora de pouco menos de 70% do mercado nacional de cervejas, noa próxima semana - deve conseguir fechar o ano com estabilidade. "Essa queda deve ser um caso específico da Femsa. A crise internacional não chegou com muita força para o setor cervejeiro no último trimestre", disse, descartando uma queda generalizada nos últimos três meses do ano. "O que normalmente acontece no último trimestre é um aumento do consumo de cerveja por conta do verão", disse. Mesmo com um início de verão chuvoso, Rodrigues acredita que as outras cervejarias fecharam o último trimestre em alta.
No ano todo, as vendas de cerveja da empresa no Brasil tiveram alta de 4,5%, para 6,8 bilhões de pesos (R$ 956 milhões). Na média, o preço do hectolitro vendido no Brasil teve um acréscimo de 2%, passando de R$ 98 em 2007 para R$ 100,2 em 2008.
Grupo
O grupo - que engloba além da divisão de cerveja a Coca-Cola Femsa, segunda maior engarrafadora do mundo, e a Femsa Comércio - anunciou que o lucro líquido recuou 76% no quarto trimestre, para 868 milhões de pesos (US$ 62,8 milhões), à medida que as divisas estrangeiras e outros prejuízos financeiros contrabalançaram os ganhos nas vendas e os lucros operacionais. O declínio resultou, entre outras causas, de prejuízos causados pela depreciação do peso mexicano e de outras moedas regionais. Segundo comunicado, 50% da dívida da companhia é em dólar.
"Estamos entrando em um ano complicado e os desafios continuam aumentando", informou José Antonio Fernández Carbajal, presidente do conselho e diretor da Femsa, em comunicado. "Estamos tomando medidas adicionais para racionalizar custos, gastos e investimentos em todos os níveis do grupo", completou.
As vendas no trimestre avançaram 15% para 44,82 bilhões de pesos. No ano, as vendas cresceram 13,9%, para 168 bilhões de pesos.
O lucro líquido do trimestres, excluindo participação minoritária, regrediu 78%, para 586 milhões de pesos, equivalentes a 0,16 pesos por ação ou US$ 0,12 por ADR (American Depositary Receipt).
No ano, o lucro bruto cresceu 14,5%, para 77,6 bilhões de pesos. O lucro líquido caiu 22,3%, para 9,2 bilhões de pesos
Veículo: Gazeta Mercantil