Branca, fina e versátil

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A uva Chardonnay é a branca fina mais difundida no mundo. Com algum exagero, pode se dizer que onde há brancos secos, há a Chardonnay, que se adapta a muitos climas e condições. Além de ser extremamente versátil, pois é base de vinhos de vários estilos - dos ligeiros ideais para beber despreocupadamente aos mais sofisticados e encorpados, muitas vezes fermentados em barricas de carvalho, como os de Bourgogne, os melhores brancos secos do mundo.

 

A Chardonnay nasceu na Bourgogne de um cruzamento natural da grande tinta Pinot Noir com a obscura Gouaiss Blanc. Ela é mais do que importante na região de Champagne, onde entra, ao lado da Pinot Noir e da Pinot Meunier (tintas), no famoso espumante.

 

A Chardonnay está para os brancos como a Cabernet Sauvignon para os tintos. Quase todos os países que produzem vinhos têm os seus Chardonnays, alguns dos quais excelentes: Itália, Portugal, Espanha, Áustria, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Estados Unidos - onde há exemplares espetaculares, comparáveis aos grandes da Bourgogne, e Canadá, Argentina, Uruguai e Chile. No Brasil, entra também em ótimos espumantes e dá alguns dos melhores brancos secos tranquilos.

 

Com ela os enólogos podem fazer vários tipos de vinho, mas ainda prevalecem os secos, mais encorpados e, principalmente, marcados pela presença do carvalho. A Chardonnay tem especial vocação para se integrar ao carvalho. Tanto é que muitos consumidores associam automaticamente a uva a esse tipo de madeira.

 

Mas vem aumentando também o número de Chardonnays mais frescos, sem a potência do carvalho. O Chablis, um dos maiores brancos do mundo, mostra que se pode fazer grandes Chardonnays sem a contribuição da madeira.

 

No Chile, há um grande progresso dos brancos.O clima frio do Valle de Casablanca, mais perto do Oceano Pacífico, que só começou a ser plantado em 1980, deu um grande impulso aos branc os. Há muitos vinhos elaborados com a Chardonnay de preços abaixo e acima de R$ 45. Mas nesta edição, ficamos com os vinhos do país que custam até R$45.

 

CARMEN CLASSIC 2007

ONDE ENCONTRAR: MISTRAL, TEL. 3372-3400
PREÇO: R$ 40,99
COTAÇÃO: 89/100

A Carmen é uma produtora caprichada, de ponta, ligada ao grupo Santa Rita. Ela se localiza no Valle del Maipo, mas este vinho tem a denominação Valle Central, indicando que podem ter sido usadas uvas de qualquer parte dessa grande região, que compreende os Valles del Maipo, de Rapel, Curicó e Maule. Um vinho realmente curioso. Bem clarinho, com reflexos verdes. Aroma intenso, de frutas tropicais (maracujá) e pêssego, que continuaram na boca e no retrogosto. Essas características são mais comuns nos vinhos feitos com a Sauvignon Blanc e não nos originários da Chardonnay. Parecia um Sauvignon. Leve, gostoso, refrescante, deixou sensação gostosa na boca. Eq uilibrado. 14% de álcool.

 

MORANDÉ TERRARUM RESERVA 2007

ONDE ENCONTRAR: CIA DO WHYSKY, TEL. 5055-6000
PREÇO: R$ 42
COTAÇÃO: 86/100

Pablo Morandé é um dos melhores enólogos do Chile e seus vinhos costumam ser muito bem feitos. Este é um vinho do Valle de Casablanca, no qual Morandé foi o primeiro a plantar uvas. Branco intenso, não fica muito bem no aperitivo. Pede a companhia de comida - peixes, crustáceos e pratos de carnes brancas não muito temperadas. Amarelo-dourado. Aroma potente e muito bom. O ponto alto. Parcialmente fermentado em barricas de carvalho, nas quais passa por um estágio de perto de oito meses. Na boca, bom corpo e presença significativa, forte mesmo, do carvalho. Boa acidez, refrescante. Álcool bem equilibrado. No final, a madeira fala alto mais uma vez. 14% de álcool.

 

MIRADOR SELECTION CHARDONNAY 2006

ONDE ENCONTRAR: ANA IMPORT, TEL, 3950-2013
PREÇO: R$ 44,45
COTAÇÃO: 84/100

Willian Cole foi dos Estados Unidos para o Chile, onde instalou sua vinícola no Valle de Casablanca, região em que produz este vinho.Cor amarelo-clara, com reflexos esverdeados. Se destacou mais no aroma, que se mostrou intenso e com muitas frutas tropicais como manga e abacaxi. Também tem evocações cítricas. Deu a impressão de ter passado pelo carvalho, mas o site da empresa informa que este vinho não envelheceu em barricas. Na boca, começou bem, porém foi caindo um pouco. Primeira impressão de vinho fresco, com boa acidez. Não muito concentrado, ligeiro. Mas vivo e fácil de beber. Ao final, o álcool se destaca um pouco demais e apareceram toques amargos. Final de boca, meio rústico. 14% de álcool.

 

SANTA HELENA SELECCIÓN DEL DIRECTORIO 2007

ONDE ENCONTRAR: INTERFOOD, TEL. 2602-7255
PREÇO: R$ 44,90
COTAÇÃO: 87/100

A Santa Helena é uma vinícola altamente confiável, com vinhos de vários níveis e preços, elaborados principalmente em Colchagua, no Valle de Rapel. Este branco veio do frio Valle de Casablanca. A linha Selectión del Directorio abrange tintos e brancos de elite da empresa. Este Chardonnay passou seis meses em barricas de carvalho, que aparece na medida certa, emprestando os toques de baunilha e frutas tropicais, mas deixando espaço para outras nuances. Na boca, a madeira não interfere com o frescor. Um vinho ligeiro, bom também para bebericar. Não dos mais concentrados, mas elegante e equilibrado. Deixou sensação de boca limpa.14% de álcool.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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